Enfim, o amor venceu. Mas não sem o tradicional bota-fora da extrema direita, inaugurado na era Trump. A cartilha da extrema direita mundial reflete desconfiança no pleito eleitoral e, logo depois, leva a turba a se indignar, indo às ruas para vandalizar. Lembramos que, quando a esquerda perdeu na última eleição, devido ao golpe de 2016 e um sistema inédito de campanha pelas redes sociais através das fakenews, a esquerda fez uma manifestação bonita que cantava de mãos dadas: “Ninguém larga a mão do outro”. E a despeito do discurso ridículo de Bolsonaro para falar de sua derrota, chama a atenção que as confusões promovidas por Bolsonaristas nas ruas seria uma característica da esquerda.
A revolta acerca do resultado das urnas já estava sendo planejada há tempos. Toda a ideia foi ganhando corpo pelas redes sociais, sabendo que inevitavelmente iria ocorrer a derrota. Grupos de bolsonaristas revoltosos estavam dispostos a fazer um movimento para mudar o rumo das eleições pela força. Dentre os líderes, no Rio de Janeiro, Michel Teixeira de Menezes Batista, com extensa ficha criminal. Andando na rua, ouvi um bolsonarista ao telefone falando: “... pois é, Bolsonaro devia ganhar no tapetão!”. Esse pensamento de resolver fora da lei, desobedecer a ordem vigente e usar a força e violência é a verdadeira característica da extrema direita.
Não para por aí. As manifestações vão continuar articuladas por esses grupos mais violentos até a posse e continuarão no governo de Lula. Bolsonaristas, no Dia de Finados, já estão cercando o Ministério do Exército do Rio pra pedir golpe. Agora, pense que esse tipo de estratégia está sendo bancada por algo maior. Afinal, existem barracas de alimentação para sustentar a permanência nas ruas. Quem banca isso tudo? Existe até apoio de bolsonaristas em altos escalões de prefeituras de pequenas cidades, que estão, no mínimo omissos, como no caso da Secretária de Segurança de Poá-SP, Marlene de Sant'Anna, que tempos atrás ordenou repressão com spray de pimenta a professores da cidade, que lutavam contra o fim do Vale Refeição e agora, para impedir o ir e vir das pessoas, apenas se omite.
Mesmo com a ilegalidade das manifestações criminosas, a PRF não consegue desobstruir as estradas, pois existem dois pesos e duas medidas. Para impedir eleitores mais pobres de votarem, foram imediatamente feitas barreiras. Se você pensar, mesmo com essas tentativas torpes, mesmo com Carla Zambelli e Bob Jefferson, mesmo com Orçamento Secreto, mesmo tentando ganhar eleitores com programas sociais até dezembro, mesmo com coação das igrejas e implantar o medo nas pessoas, mesmo com Caco Barcellos flagrando ação de compra de votos pela prefeitura de Coronel Sapucaia a poucas horas das eleições, a democracia ganhou o fascismo!
Parte desses valores contra o resultado advém dos inúmeros crimes cometidos pelo presidente, sem nenhuma punição até agora. O vale-tudo passa a ideia de que eu posso, mas você também pode. E o medo de, no momento, Bolsonaro ir preso no Brasil e também ser julgado no exterior, deixa apoiadores sem sua sustentação ideológica. O perigo dessa possibilidade acontecer vai fazer com que o próprio Bolsonaro resista até conseguir manter o ideial de que tudo vale. Regras apenas para quem não apoia seu extremismo. A transformação do ressentimento em energia para atos criminosos se considerando patriótico e a favor da família levam os seguidores a cometerem atos que até então não fariam.
Orai e vigiai constantemente, pois o neofascismo sai do ovo da cobra para ficar e manter essa base de apoio para tentar crescer nas próximas eleições. O fato de terem assegurado governos como Rio de Janeiro e São Paulo, de grande visibilidade, vai mostrar esses campos de resistência do ódio. Mas não vai adiantar agulha atravessada no boneco vudu, pois o coração da nação está bem maior e mais forte, enquanto dos bolsonaristas estão reduzidos a uma passa.