Apontado pela polícia como chefe do tráfico na Favela do Muquiço, em Guadalupe, na Zona Norte do Rio, há vários anos, Bruno da Silva Loureiro, o Coronel, foi colocado em liberdade há pouco mais de dois anos porque a 2ª instância do Tribunal de Justiça do Rio não levou em conta o depoimento de PMs que disseram que ele teria confessado ser o líder do crime organizado na comunidade quando foi preso em 2015.
Por conta desta prisão, Coronel foi condenado a cinco anos, sete meses e dez dias de reclusão pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo em 2016.
A defesa recorreu da pena e conseguiu a absolvição dele no caso do crime de associação para o tráfico sob o argumento de que era frágil a prova produzida.
Na época dos fatos, após um confronto no Muquiço, Coronel se escondeu em uma casa onde havia um cadáver e foi achado um fuzil.
Os PMs entraram no imóvel e viram o suspeito no local. Segundo os agentes, ele se identificou como Coronel, teria dito que comandava o tráfico na comunidade, que não admitia confronto com policiais e assumiu a propriedade do fuzil. Falou ainda que o morto era companheiro dele e que a facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP) dominava o local.
Entretanto, ao ser interrogado na Justiça, Bruno disse que a arma não era sua, que não atirou contra os policiais, que entrou na casa da testemunha para se esconder do tiroteio; que era ex-presidiário e por isso fugiu dos policiais, que era morador da comunidade do Muquiço há 33 anos, que não conhecia o homem morto; que trabalhava no bar da família na comunidade; que não fazia parte do tráfico de drogas, que não tinha facção.
Apesar de salientar que o testemunho dos policiais não devia ser considerado inidôneo e que não era razoável suspeitar, previamente e sem motivo relevante, da veracidade de suas narrativas, a Justiça alegou que não parecia crível que o acusado, após ser revistado e com ele não ter sido encontrada alguma substância ilícita, tivesse admitido participar da engrenagem do tráfico e informado e apontado o local onde escondia um fuzil e munições, que estavam no andar superior da casa.
"Contudo, do cotejo com os demais elementos de convicção não há indicação segura de que estivesse associado a outros indivíduos para a prática reiterada ou não do tráfico de drogas, malgrado seja forte esta hipótese", diziam os autos.
Após ser absolvido do crime de associação para o tráfico, Coronel foi colocado na rua mas teria, segundo investigações, continuado no comando da quadrilha que age no Muquiço, tanto que responde a novo processo aberto em 2019 pela 2ª Vara Criminal de Madureira, tendo a prisão preventiva decretada. O inquérito apontou a participação do traficante Nei da Conceição Cruz, o Facão, atualmente preso e um dos fundadores do TCP, no bando.
Coronel está incluído na lista dos Procurados do Disque Denúncia que informa que ele é suspeito de outros crimes como roubos a transeuntes, homicídio provocado por projétil de arma de fogo, formação de quadrilha, receptação, roubo de veículo e lesão corporal. É oferecida uma recompensa de R$ 1 mil para quem prestar informações que ajudem na sua captura.
É apurado também a sua ligação com o tráfico na cidade de Barra do Piraí, no Sul Fluminense.
A Justiça já havia considerado inadmissível uma denúncia contra ele em 2015 por suspeita de homicídio qualificado. Um dos argumentos foi que as testemunhas ouvidas em juízo, a requerimento do Ministério Público, afirmaram não terem presenciado o fato, não trazendo qualquer dado apto, ainda que minimamente, a levar a concluir pela participação dele no caso.
A polícia está investigando o envolvimento dos traficantes do Muquiço no assassinato do presidente do clube Guadalupe Country, Carlos Alberto Dantas de Oliveira, de 68 anos, ocorrido nesta semana.
Nesta sexta-feira (25), foi realizada uma operação da PM na comunidade mas não há registro de prisões ou apreensões.