Artistas no Rio enfrentam desafios com coletivo, oficinas e exposição em grupo

A arte e a cultura no Brasil enfrentam novos desafios para resistir, se manter e continuar crescendo. Diante desse cenário, uma das alternativas praticadas no Rio de Janeiro pode se tornar exemplo por meio do compartilhamento de técnicas, ideias e criações. Um grupo de artistas na capital carioca se encontra durante oficinas que reúnem grafitti, cinema, fotografia, obras multitécnicas, criatividade, televisão, moda, publicidade e música. A intenção é montar uma exposição aberta ao público no Galpão Ladeira das Artes, em Cosme Velho, no próximo dia 9.

Em pesquisa setorial realizada pela FGV no ano passado, foi constatado que o sudeste brasileiro concentra o maior número de galerias de arte do Brasil. O Rio de Janeiro fica em segundo lugar e representa uma fatia de 24%, enquanto São Paulo tem 60%. O mesmo levantamento aponta os principais obstáculos na condução de cada espaço: o alto custo para participação em feiras, a instabilidade econômica do país e a carga tributária, respectivamente.

Compartilhar, criar e expor juntos são os focos das oficinas realizadas na Redley Ipanema até o próximo final de semana. Segundo o fotógrafo Cadu Andrade, 24 anos, um dos participantes das aulas, quando uma oportunidade e iniciativa como essas surgem, a arte no Brasil ganha.

"Eu tinha vontade de fotografar e fui ser vendedor. Foi com esse trabalho que consegui juntar dinheiro para comprar minha câmera que uso hoje nas minhas produções. Precisamos de mais chances. Encontros que reúnem artistas fortalecem a nossa cena com o conhecimento, o networking e até novas amizades. Procuro participar de tudo que acontece: eventos, aulas e oficinas. É difícil ser artista no Brasil, precisamos nos manter juntos", destaca o fotógrafo.

Superar e inspirar

O artista misto Nicolas Martins defende que o trabalho coletivo é capaz de quebrar paradigmas. "Perante um momento hostil, o encontro desses artistas se torna uma potência de possibilidades no qual a voz tem capacidade de superar qualquer barreira social e inspirar. Nesse lugar que existe a convergência de tantas diferenças, estarmos juntos torna o espaço um lugar de identificação, resistência e sensibilidade. Conseguimos abraçar o próximo e o que temos em comum", defende Nicolas que é um dos mentores convidados do projeto Redley Garagem.

A iniciativa se trata de um projeto de incubação para a formação de uma nova rede com profissionais do Rio de Janeiro. "Além da oportunidade de estar ao lado de pessoas que admiro, a gente consegue trocar uma ideia e compartilhar. Hoje em dia, a gente só quer saber de ir atrás de trabalho. Porém, criar um trabalho autoral com essa galera, misturando realidades diferentes do Rio de Janeiro, locais e técnicas é muito importante para a gente", comemora a videomaker Sthefany Barros, 23, que participa das aulas.

Visibilidade e carreira

Para o fotógrafo Fernando Schlaepfer, um dos mentores das oficinas, a troca entre artistas é exponencial. "É essencial para o indivíduo e também para a profissão dele. O coletivo de artistas ganha força com o trabalho de cada profissional e com o resultado em conjunto que faz surgir outra personificação. Todo mundo cresce. Vai além da troca de experiências, quem participa também pode ver outras formas de gerar receita, visibilidade e de se manter na rede", explica Fernando.

Exposição

Esta é a terceira edição do projeto que dá espaço para a divulgação e formação de novos talentos artísticos, com o desenvolvimento de trabalho em diferentes meios de expressão. Além da exibição de todas as produções das oficinas, a exposição final reúne artistas, estudantes e demais profissionais durante evento com programação musical no próximo dia 9 de novembro.

Serviço:

Oficinas terminam nos dias 26 e 27 - na Redley Ipanema.
Exposição gratuita e evento: 9/11 - no Galpão Ladeira das Artes