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Desembargadora do TJ afirma que Marielle trabalhava com autorização do CV

Magistrada negou a acusação e tentou explicar as informações falsas que publicou sobre a vereadora

Por Anderson Madeira em 17/12/2019 às 17:50:43

Foto: Divulgação

Durante julgamento do processo em que é ré de acusação de calúnia, a desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Marília de Castro Neves, negou a acusação, e tentou explicar as informações falsas que publicou sobre a vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) assassinada em 14 de março de 2018 em suas redes sociais dois dias após o crime. A desembargadora reafirmou, sem provas, que a parlamentar trabalhava nas comunidades do Rio com a autorização do Comando Vermelho. A afirmativa foi dada hoje, em oitiva no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2).

Marília é processada pela família da vereadora psolista por ter escrito, em uma postagem no Facebook, que a parlamentar era “engajada com bandidos”, foi “eleita pelo Comando Vermelho” e “descumpriu compromissos”. Ela alegou hoje que apenas reproduziu informações que viu na internet.

"Quando eu disse que ela estava engajada com bandidos, o que eu quis dizer era que ela trabalhava nessas comunidades. E todo mundo sabe que a pessoa que sobe a comunidade para trabalhar, fazer serviço social, como ela fazia, precisa de autorização do dono do morro. E por isso, também, é que diziam que ela era do Comando Vermelho", afirmou. “Nunca foi minha intenção dizer que ela estava associada aos bandidos ou que praticava qualquer crime”, acrescentou.

A desembargadora assumiu que não tinha provas sobre o que publicou. "Eu não tenho prova nenhuma. Eu reproduzi comentários que estavam sendo feitos na internet”, afirmou Marília, lembrando que vários outros juízes, procuradores e advogados também comentaram. "Naquela época só estávamos preocupados com a repercussão exagerada da morte dela", disse.

Durante a oitiva, a desembargadora tentou justificar que um suposto "acerto de contas" com Marielle por parte do Comando Vermelho era uma das linhas de investigação da Polícia Civil, mas também não explicou de onde veio a informação. “Foi uma frase infeliz, mas foi reprodução de outras feitas naquela ocasião. Eu não tive a intenção, como ninguém teve a intenção, de ofender a vereadora”, frisou Marília.

A mãe de Marielle, Marinete da Silva, acompanhou a oitiva e criticou a postura da desembargadora: "Além de ela reafirmar o que tinha dito, ainda acrescentou outras facções, falou várias vezes do PCC, que é uma coisa nova para a gente. Não sei de onde ela tirou".

Na oitiva, a desembargadora lembrou ainda que fez uma retratação pública após a repercussão negativa do seu comentário, mas, não a fez diretamente à família da vítima por não ter tido acesso a um familiar. Na sessão não se desculpou com os pais de Marielle. Marinete lamentou. "Ela não quis se retratar. Hoje ela poderia, pelo menos, ter vindo cumprimentar a família. Ela disse que tem um filho, mas não parece. Ela não teve interesse e não tem, porque no momento que ela diz numa audiência que minha filha tinha contato, servia uma facção, ela reafirma tudo que ela falou."

A próxima fase é a das alegações finais, ainda sem data marcada. Se for condenada, Marília pode ter uma pena de até dois anos mais multa. A família de Marielle também entrou com uma ação indenizatória por danos morais, no último dia 10, contra a desembargadora. Este processo ainda está em fase inicial.


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