Esteticista fluminense vence o preconceito e se torna referência no setor

A estória de Cristiane Boneta, de 28 nos, é parecida com a de muitas mulheres que sofrem com a falta de oportunidades no Brasil. Negra, nascida e criada em uma comunidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, órfã de mãe com menos de um ano de idade e filha de um operário que trabalhava dia e noite para sustentar a família, Cristiane percebeu desde cedo que teria que lutar muito para conquistar seus objetivos.

Ainda menina, Cris, apelido pelo qual é conhecida, começou a defender seu dinheirinho vendendo balas na porta de casa, além de fazer suéteres de tricô para as senhorinhas que frequentavam a igreja da região. Mesmo com todas as dificuldades, Boneta nunca deixou de ir à escola e sempre que podia fazia um cursinho de aperfeiçoamento (datilografia, operador de xerox e informática foram alguns deles) porque acreditava que quanto mais conhecimento tivesse, maiores seriam as chances de conseguir um emprego. Porém, para Cristiane, todas estas profissões serviriam apenas de trampolim para que ela realizasse seu grande sonho: ser uma profissional da área de estética. Ela explica o porquê de ter esse desejo na cabeça:

"No colégio, eu sofria muito com bullying, ganhava vários apelidos por causa das manchas nas minhas pernas, pois tenho alergia a mosquito. Só tinha calças compridas no meu armário, de tanta vergonha. Tinha consciência que nem de longe eu poderia ter acesso a um profissional que pudesse me ajudar a resolver este problema, principalmente ali onde eu vivia. Era praticamente um artigo de luxo para mim", explica.

Sempre focada e disposta a realizar seus objetivos, Cris foi galgando seu espaço, trabalhando no que aparecia - até ambulante de praia ela foi. Até que um dia surgiu a oportunidade de ser estagiária em um curso de informática, no qual posteriormente virou professora. Empreendedora nata, Cristiane percebeu outra oportunidade dentro do curso: comprou uma máquina copiadora e sublocou um espaço interno para prestar serviços aos alunos e professores do lugar. Além destas funções, Cris acumulou ainda um trabalho como telemarketing, no período de meia noite às 6h. Com todas estas rendas, finalmente iniciou o caminho para a realização do seu grande sonho: matriculou-se no Curso de Estética de uma Universidade da região, de onde sairia com um diploma de Tecnóloga.

Dali em diante, ela foi sublocando espaços em clínicas de estética para começar a divulgar o seu trabalho, até que um dia recebeu o telefonema de uma cliente, dizendo que a dono de um salão que ela frequentava gostaria de conhecê-la. Cris foi até lá, fechou com o empresário para atender em uma sala independente anexa ao salão, deixou de sublocar outros locais e foi conquistado uma vasta clientela. Através desta oportunidade, a esteticista criou seu - hoje famoso - Espaço Cris Boneta, que funciona há seis anos na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Recentemente, Cris chegou ao seu ápice profissional, conquistando um troféu na categoria Case de Sucesso, durante a premiação do Business Awards, considerado o Oscar da Estética no país. Emocionada, a esteticista conta que quando estava se dirigindo ao palco para receber a premiação, foi passando um filme na sua cabeça, o que a fez caminhar de cabeça erguida: "Não quero apagar da minha mente nenhum momento da minha trajetória. Sãos as minhas memórias que mantém os meus pés no chão e me fazem ter força para lutar cada vez mais", finaliza a esteticista.