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Irã admite derrubar avião em meio a pedidos de justiça da Ucrânia

Teerã afirma que o avião de passageiros foi identificado incorretamente como um míssil de cruzeiro

Por Kaio Serra em 11/01/2020 às 12:11:38

Foto: Ebrahim Noroozi / Associated Press

Depois de afirmar por dias que não existiam evidências de que um de seus mísseis tivesse atingido um Boeing 737-800 com 176 pessoas a bordo, o Irã admitiu neste sábado (11), que seus militares haviam abatido o jato de passageiros por engano.

Os militares iranianos alegaram o “erro humano”. Em um comunicado, o Exército Iraniano afirmou que o voo 752 da Ukraine International Airlines havia tomado uma curva acentuada e inesperada, aproximando-o de uma sensível área militar.

Em post no Twitter, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif, pediu desculpas, mas pareceu culpar também o "aventureirismo" americano pela tragédia, escrevendo: "O erro humano em tempos de crise causado pelo aventureirismo dos EUA levou ao desastre".


O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que as informações serão divulgadas publicamente após uma reunião do principal órgão de segurança do Irã, de acordo agência oficial de notícias FARS.

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse no Twitter que o Irã "lamenta profundamente esse erro desastroso". Rouhani ofereceu condolências às famílias das vítimas e disse que "a terrível catástrofe deve ser minuciosamente investigada".

Ele acrescentou que os responsáveis por "esse erro imperdoável" seriam identificados e "processados". Mas ele também afirmou que em um ambiente de ameaças militares e terror do governo "agressivo" dos Estados Unidos contra o povo do Irã, e diante da possibilidade de ataques militares americanos contra o Irã, as forças armadas cometeram um "erro humano e falharam" e "isso levou a uma grande catástrofe e pessoas inocentes foram mortas".

O presidente da Ucrânia quer "uma admissão total de culpa".

O presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, em sua primeira reação ao anúncio do Irã, disse que Kiev "insistiria em uma admissão total de culpa" por Teerã.

"Esperamos que o Irã garanta sua prontidão para uma investigação completa e aberta, para levar os responsáveis à justiça, devolver os corpos das vítimas, pagar indenização e pedir desculpas oficiais por meio de canais diplomáticos", disse Zelensky em um comunicado oficial. "Esperamos que a investigação continue sem atrasos e obstáculos artificiais".

Zelensky foi criticado esta semana por se recusar a culpar publicamente o Irã pelo desastre, assim como os Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha fizeram.

De acordo Ivan Yakovina, colunista da revista Novoye Vremya, de Kiev, a cautela do presidente Zelensky, foi muito bem utilizada. "Se houvesse ameaças da Ucrânia, acredito que o Irã não teria permitido que os especialistas realizassem seus trabalhos e, em geral, teria se recusado a admitir culpa". Afirmou Ivan.

A página oficial da presidência da Ucrânia publicou, no Facebook, imagens dos destroços da aeronave. A publicação ainda chama atenção para os danos visíveis na fuselagem.


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