Depois de afirmar por dias que não existiam evidências de que um de seus mísseis tivesse atingido um Boeing 737-800 com 176 pessoas a bordo, o Irã admitiu neste sábado (11), que seus militares haviam abatido o jato de passageiros por engano.
Os militares iranianos alegaram o “erro humano”. Em um comunicado, o Exército Iraniano afirmou que o voo 752 da Ukraine International Airlines havia tomado uma curva acentuada e inesperada, aproximando-o de uma sensível área militar.
Em post no Twitter, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Javad Zarif, pediu desculpas, mas pareceu culpar também o "aventureirismo" americano pela tragédia, escrevendo: "O erro humano em tempos de crise causado pelo aventureirismo dos EUA levou ao desastre".
A sad day. Preliminary conclusions of internal investigation by Armed Forces:
— Javad Zarif (@JZarif) 11 de janeiro de 2020
Human error at time of crisis caused by US adventurism led to disaster
Our profound regrets, apologies and condolences to our people, to the families of all victims, and to other affected nations.
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O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que as informações serão divulgadas publicamente após uma reunião do principal órgão de segurança do Irã, de acordo agência oficial de notícias FARS.
O presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse no Twitter que o Irã "lamenta profundamente esse erro desastroso". Rouhani ofereceu condolências às famílias das vítimas e disse que "a terrível catástrofe deve ser minuciosamente investigada".
Ele acrescentou que os responsáveis por "esse erro imperdoável" seriam identificados e "processados". Mas ele também afirmou que em um ambiente de ameaças militares e terror do governo "agressivo" dos Estados Unidos contra o povo do Irã, e diante da possibilidade de ataques militares americanos contra o Irã, as forças armadas cometeram um "erro humano e falharam" e "isso levou a uma grande catástrofe e pessoas inocentes foram mortas".
O presidente Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, em sua primeira reação ao anúncio do Irã, disse que Kiev "insistiria em uma admissão total de culpa" por Teerã.
"Esperamos que o Irã garanta sua prontidão para uma investigação completa e aberta, para levar os responsáveis à justiça, devolver os corpos das vítimas, pagar indenização e pedir desculpas oficiais por meio de canais diplomáticos", disse Zelensky em um comunicado oficial. "Esperamos que a investigação continue sem atrasos e obstáculos artificiais".
Zelensky foi criticado esta semana por se recusar a culpar publicamente o Irã pelo desastre, assim como os Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha fizeram.
De acordo Ivan Yakovina, colunista da revista Novoye Vremya, de Kiev, a cautela do presidente Zelensky, foi muito bem utilizada. "Se houvesse ameaças da Ucrânia, acredito que o Irã não teria permitido que os especialistas realizassem seus trabalhos e, em geral, teria se recusado a admitir culpa". Afirmou Ivan.
A página oficial da presidência da Ucrânia publicou, no Facebook, imagens dos destroços da aeronave. A publicação ainda chama atenção para os danos visíveis na fuselagem.