Na manhã desta quarta-feira (4), o presidente Jair Bolsonaro usou o humorista Márvio Lúcio, o "Carioca", para falar com a imprensa. Na ocasião, ele era aguardado para se pronunciar sobre os dados do PIB, mas quem se apresentou foi o comediante, interpretando o personagem "Bolsonabo". O presidente fake distribuiu bananas e ironizou o trabalho dos profissionais presentes. A brincadeira foi aplaudida por seus admiradores que durante a cena gritaram: "Chupa imprensa!". O vídeo do episódio ainda foi compartilhado no Twitter, por meio da conta oficial de Bolsonaro.
Vale destacar que o assunto ficou entre os mais comentados nos trendings topics da rede e dividiu a opinião dos usuários. Inevitavelmente, algumas das principais entidades do jornalismo do país reagiram. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) emitiram notas de repúdio a mais uma falta de postura de Jair Bolsonaro com a categoria.
A presidente da FENAJ, Maria José Braga, relembrou que a ausência de respeito do presidente é frequente. Especialmente, com aqueles que cobrem o Palácio da Alvorada, em Brasília.
"Essa é uma atitude reiterada e, hoje, ele usou um novo método para repetir a agressão. Mesmo com a tentativa de utilizar um profissional do humor para fazer isso, é preciso esclarecer que desrespeito não tem graça. Ele foge do padrão humorístico, principalmente, quando se trata do mandatário da nação. A Federação repudia a postura do presidente e acredita que se trata de quebra de decoro", declarou Maria José.
Ainda de acordo com a representante da FENAJ, a entidade está estudando a possibilidade de uma medida jurídica em relação ao caso.
"Sabemos que não é fácil acioná-lo por dano moral coletivo, por exemplo. Precisamos juntar elementos. No entanto, estamos avaliando junto a nossa assessoria jurídica uma maneira de cobrar das autoridades e do poder legislativo uma atitude. Inclusive, a FENAJ já se dirigiu aos responsáveis para que os jornalistas não sejam expostos ao tipo de cobertura que é feita, atualmente, no Palácio da Alvorada. Aquele, não é o ambiente propício para entrevistas, pois não há divulgação de informações. Naquele ambiente, ele apenas reforça a sua postura antidemocrática", lamentou.
Já a ABI pediu compostura a Bolsonaro. A instituição considerou o episódio lamentável e um reflexo da falta de "apreço à democracia e à liberdade de expressão". Veja a seguir: