TOPO - PRINCIPAL 1190X148

Sociedade Brasileira de Infectologia teme efeitos do pronunciamento de Bolsonaro

A entidade emitiu uma nota sobre o discurso do presidente na noite da última terça-feira (24)

Por Jonas Feliciano em 25/03/2020 às 09:15:03

Imagem: Reprodução do Twitter

Depois do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, na noite da última terça-feira (24), em rede nacional, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) publicou uma nota criticando a postura de Bolsonaro diante das medidas preventivas adotadas pelo Ministério da Saúde e estados do país. A entidade classificou o discurso como "preocupante" e "temerário", pois o Brasil vem apresentando um aumento preocupante no número de casos.

"Neste difícil momento da pandemia de COVID-19 em todo o mundo e no Brasil, trouxe-nos preocupação o pronunciamento oficial do Presidente da República Jair Bolsonaro, ao ser contra o fechamento de escolas e ao se referir a essa nova doença infecciosa como "um resfriadinho".

Tais mensagens podem dar a falsa impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que a COVID-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa letalidade. É também temerário dizer que as cerca de 800 mortes diárias que estão ocorrendo na Itália, realmente a maioria entre idosos, seja relacionada apenas ao clima frio do inverno europeu. A pandemia é grave, pois até hoje já foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19 mil óbitos, sendo 46 no Brasil.

O Brasil está numa curva crescente de casos, com transmissão comunitária do vírus e o número de infectados está dobrando a cada três dias",
informou um trecho do comunicado.

A SBI destacou o trabalho do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, assim como as ações positivas tomadas em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

"Concordamos com o Presidente quando elogia o trabalho do Ministro da Saúde, Dr. Luiz Henrique Mandetta, e sua equipe, cujas ações têm sido de grande gestor na mais grave epidemia que o Brasil já enfrentou em sua história recente. Desde o início da epidemia, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estão trabalhando em conjunto com várias sociedades médicas científicas, em especial com a Sociedade Brasileira de Infectologia, com várias reuniões presenciais, teleconferências e trocas de informações quase que diariamente.

Também concordamos que devemos ter enorme preocupação com o impacto socioeconômico desta pandemia e a preocupação com os empregos e sustento das famílias. Entretanto, do ponto de vista científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para conter a disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase de transmissão comunitária. Essa medida deve ser associada ao isolamento respiratório dos pacientes que apresentam a doença, ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos profissionais de saúde e à higienização frequente das mãos por toda a população. As medidas de maior ou menor restrição social vão depender da evolução da epidemia no Brasil e, nas próximas semanas, poderemos ter diferentes medidas para regiões que apresentem fases distantes da sua disseminação"
, anunciou a SBI.

Ainda sobre a pandemia do Covid-19, a nota alertou para a importância do isolamento social.

"Quando a COVID-19 chega à fase de franca disseminação comunitária, a maior restrição social, com fechamento do comércio e da indústria não essencial, além de não permitir aglomerações humanas, se impõe. Por isso, ela está sendo tomada em países europeus desenvolvidos e nos Estados Unidos da América.

Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e todos os demais profissionais de saúde estão trabalhando arduamente nos hospitais e unidades de saúde em todo o país. A epidemia é dinâmica, assim como devem ser as medidas para minimizar sua disseminação. "Ficar em casa" é a resposta mais adequada para a maioria das cidades brasileiras neste momento, principalmente as mais populosas"
, concluiu a nota.

Vale ressaltar que em seu discurso na TV aberta, Jair Bolsonaro voltou a tratar o Covid-19 como uma "gripezinha" ou "resfriadinho". Ele também criticou o alarmismo provocado pela imprensa brasileira e defendeu que alguns governadores deveriam começar a incentivar o retorno à normalidade. Para o presidente, apenas os maiores de 60 anos precisam se manter isolados.

A fala acabou gerando muitas críticas. Durante a transmissão, houve panelaços em diversos locais do país. Nas redes sociais, hashtag's como "Bolsonaro", "Equivocado" e "Impeachment" ficaram entre os assuntos mais comentados do Twitter.

Imagem: Reprodução do Twitter

Imagem: Reprodução do Twitter
Imagem: Reprodução do Twitter
Imagem: Reprodução do Twitter
Imagem: Reprodução do Twitter
Imagem: Reprodução do Twitter


POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148POSIÇÃO 3 - ALERJ 1190X148
Saiba como criar um Portal de Notícias Administrável com Hotfix Press.