Em abril, a plataforma Fogo Cruzado registrou 501 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio. Em comparação com o mesmo período de 2019, quando houve 682 registros, a queda foi de 27%. Ao todo, 196 pessoas foram baleadas (97 morreram e 99 ficaram feridas), 1% a menos do que as 198 baleadas (sendo 89 mortas e 109 feridas) no ano anterior.
Do total de tiroteios mapeados este mês (501), em 160 deles – 32% – houve presença de agentes de segurança*. Já em abril de 2019, esse índice foi de 25%: dos 682 tiros no Grande Rio, em 168 deles houve presença de agentes. Apesar da queda no número de registros de tiroteios com participação dos agentes (5%), este ano, mesmo com as medidas de isolamento por conta da quarentena, houve um aumento de 7 pontos percentuais na proporção dos tiros com a participação de agentes das instituições de segurança pública.
Foto: Mauro Pimentel. Getty Images.
Veja mais alguns detalhes sobre a violência armada no Grande Rio em abril:
- O Rio de Janeiro concentrou 59% dos tiroteios da região metropolitana: 295. Em seguida, vem São Gonçalo (63), Niterói (28), Belford Roxo (25) e Duque de Caxias (24). A capital fluminense também teve o maior número de baleados (67), representando 34% de todos os baleados no Grande Rio (196).
- Em comparação com o mês de março, quando teve início a quarentena por conta da Covid-19, e que houve 446 tiroteios/disparos de arma de fogo, abril teve aumento de 12% nos tiros, foram 501 este mês. O número de baleados deu um salto de 34%: foram 196 em abril e 146 no mês anterior.
- A Vila Kennedy, na zona oeste do Rio, foi o bairro que concentrou, com 38 registros, o maior número de tiroteios no Grande Rio. Complexo do Alemão (22), Tijuca (21), Cidade de Deus (17) e Amendoeira (11), em São Gonçalo, completaram o ranking.
- Este mês, 63 tiroteios/disparos de arma de fogo ocorreram em áreas com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Complexo do Alemão (22), Macacos (9), Borel (7) e Andaraí (5) foram as áreas com mais tiroteios. Formiga (3), Andaraí (2) e Macacos (1) foram as únicas áreas de UPP com baleados este mês.
- Com 177 registros, a zona norte do Rio concentrou 35% do total de tiroteios na região metropolitana do Rio este mês (501). Em seguida, vem Baixada Fluminense (106), zona oeste (101), Leste Metropolitano (100), Centro (11) e zona sul (6). Em quarto lugar no índice de tiroteios, o Leste Metropolitano** teve o maior número de baleados (70), seguido da baixada Fluminense (59) e zona norte (40).
- Em abril, houve 5 casos com 3 ou mais civis mortos em uma mesma situação no Grande Rio, no total, 17 pessoas foram mortas. Em 4 desses casos houve presença de agentes de segurança. Em comparação com o mesmo mês de 2019, este ano houve aumento de 21% na quantidade de vítimas. No ano passado, que registrou um caso a menos, foram 14 mortos e houve presença de agentes em todos os casos.
- Este mês, 11 agentes de segurança*** foram baleados na região metropolitana do Rio, 5 deles morreram. Do total de baleados (11), 4 morreram e 2 ficaram feridos quando estavam fora de serviço. A quantidade de agentes baleados este mês é 39% menor que a do ano passado: foram 18 baleados, sendo 4 deles mortos. Dos que estavam fora do posto de trabalho: 4 deles morreram e 7 ficaram feridos.
- 5 pessoas foram vítimas de balas perdidas**** este mês: 1 morreu. Quantidade de pessoas baleadas é 67% menor que a do mesmo período do ano passado, quando 15 pessoas foram atingidas (4 morreram e 11 ficaram feridas). Entre as vítimas este ano está Roberta Leite Neves, de 41 anos, atingida por bala perdida durante uma ação policial no Parque das Missões, em Duque de Caxias, no dia 12. Roberta, que estava acompanhada de seu filho de 2 meses – atingido por estilhaços –, não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 23.
- 1 criança (com idade inferior a 12 anos) e 7 adolescentes (de 12 anos até 18 anos incompletos) foram baleados na região metropolitana do Rio este mês – destas, 2 adolescentes morreram. No mesmo período de 2019, foram 4 crianças, 6 adolescentes e 2 idosos (a partir de 60 anos) baleados no Grande Rio – destes, 1 criança, 3 adolescentes e 1 idoso morreram. Entre as vítimas deste ano está Adrelany Pacheco de Lima, de 3 anos, atingida por bala perdida no bairro Raul veiga, em São Gonçalo, durante tiroteio na região, quando voltava pra casa com sua mãe no dia 2.
- No acumulado do ano – de janeiro até abril – houve 1.778 tiroteios/disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio. No total, 775 pessoas foram baleadas: sendo 374 mortas e 401 feridas. Em comparação com o mesmo período de 2019, que teve 2.818 tiroteios no Grande Rio e deixou 1.015 pessoas baleadas – sendo 532 mortas e 483 feridas –, este ano teve uma queda de 37% na quantidade de tiroteios e de 24% no número de baleados.
* Presença de Agentes: Situações em que são percebidas a presença de agentes de segurança durante o tiroteio/disparo. Exemplo: Operação, Ação, Assalto a agentes etc.
** Leste Metropolitano: região que concentra os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá.
*** Agentes de segurança incluem policiais civis, militares, federais, guardas municipais, agentes penitenciários, bombeiros e militares das forças armadas – na ativa, na reserva e reformados.
**** “Vítima de bala perdida”: a pessoa que não tinha nenhuma participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo, sendo, no entanto, atingida por projétil (ISP).