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Tumulto adia inauguração de Hospital de Campanha de São Gonçalo pela terceira vez

Com valão na porta e Justiça cobrando funcionamento integral, unidade do Iabas tem vistoria terminando em agressão e BO

Por Portal Eu, Rio! em 27/05/2020 às 23:56:11

Imagem revela segurança do deputado Filippe Poubel durante vistoria no Hospital de Campanha de São Gonçalo, adiado pela terceir vez em um mês Foto Iabas

O Hospital de Campanha de São Gonçalo, construído pela Organização Social (OS) Iabas para atendimento á Covid-19, teve que adiar a inauguração pela terceira vez. A Justiça determinou a entrega imediata de todos os leitos dedicados à pandemia na cidade, mas a unidade abre nesta quinta-feira (28/5) com apenas 10 dos 50 respiradores previstos. O Hospital São Gonçalo terá 50 respiradores e 200 leitos, sendo 80 de UTI, mas no primeiro dia de funcionamento receberá 10 pacientes. A abertura dos leitos, como é padrão, será gradativa, para garantir a segurança dos pacientes e da equipe médica, de acordo com a direção da unidade.

O Iabas, responsável pela construção dos sete hospitais de campanha financiados pelo Governo do Estado, atribui o adiamento ao incidente com equipe do deputado Filippe Poubel, do PSL. A OS foi alvo em sua sede de um mandado de busca e apreensão na Operação Placebo, que investiga irregularidades nos contratos para instalação de hospitais e compra de equipamentos. Além disso, o Tribunal de Contas do Estado determinou uma redução no valor do contrato firmado pelo Governo, de R$ 865 para R$ 770 milhões.

O TCE recomendou, posteriormente, a devolução dos R$ 256 milhões pagos a título de adiantamento e cobrou explicações formais sobre os sucessivos atrasos no cronograma. Até a inauguração da unidade de São Gonçalo, apenas 15% dos 1300 leitos previstos estavam em operação. O Plano de Contingência para a Pandemia da Covid-19 previa a entrega de todas as unidades até o domingo, 31 de maio. No caso de São Gonçalo, a data original para a entrada em funcionamento era 30 de abril.

Na nota distribuída minutos antes do horário previsto para a inauguração, seis da tarde, a direção do Iabas culpa o deputado Filippe Poubel ('bolsonarista, direitista, conservador, armamentista e anti-esquerda', no perfil do Twitter que tem uma foto de cabelo raspado e óculos escuros, como um astro do 'Os Mercenários' ou 'Triplo XXX') e seus seguranças pelos incidentes que provocaram o novo adiamento.

"Na vistoria final antes da liberar o hospital de campanha de São Gonçalo no início da noite de hoje (quarta, 27/5), o IABAS identificou uma contaminação do piso do hospital por piche. O material foi levado até lá por seguranças do deputado Fillipe Poubel, que pularam o muro para entrar na área e ameaçaram colaboradores. Devido a isso, o hospital terá que substituir uma parte do piso para evitar contaminação hospitalar e informará à SES que a abertura programada para esta quarta-feira só ocorrerá amanhã (quinta, 28/5)".

Em vídeo publicado no Instagram (https://www.instagram.com/tv/CAs7BAcjbHu/?utm_source=ig_web_copy_link), chamado pelo Twitter, o deputado enfatiza a disposição para apontar a precariedade das instalações. "Vejam o vídeo da fiscalização que fizemos hoje no Hospital Estadual de Campanha de São Gonçalo no Rio de Janeiro. Estamos desvelando toda a sacanagem do Governo do Estado!" Com o mesmo estilo 'faca nos dentes', o deputado registrava sua posição em relação ao outrora aliado Witzel: "Protocolamos hoje na ALERJ, o pedido de impeachment do Governador. Há vasto conjunto de provas e elementos suficientes para darmos seguimento ao processo, afim de que o Rio saia desse caos e possamos de reverter toda essa calamidade provocada nas contas do Estado!"

https://www.instagram.com/tv/CAs7BAcjbHu/?utm_source=ig_web_copy_link
Minutos antes do adiamento, o otimismo predominava entre os dirigentes da OS: "O IABAS mantém a abertura do hospital de São Gonçalo nesta data, apesar de adversidades na finalização do trabalho nesta tarde pela visita inapropriada do deputado Filippe Poubel, acompanhado de um grupo de simpatizantes armados e da agressão a dois dos nossos profissionais. Um dos acompanhantes do deputado chegou a sacar uma arma. Um Boletim de Ocorrência sobre as agressões e a posse indevida de armas será registrado," dizia a nota oficial da OS. Até as onze e meia da noite desta quarta, 27/5, ainda não havia cópia disponível do Boletim de Ocorrência do incidente, registrado em vídeo, no qual é possível confirmar a presença de homens armados na equipe do parlamentar.

Renan Ferreirinha, do PSB, aponta rede de esgoto incompleta e pista inadequada para ambulâncias

https://doc-10-9s-docs.googleusercontent.com/docs/securesc/nbsj2hguipe4u0m4kdi3hqt7ai33budf/fkbqf07libiibsjkchcbuu3gtbaa1uiq/1590634875000/13515832379117861598/09628244583025965175/1bUODp53foUZzdIANUy2CpY0eqn5RsWsx?e=download&authuser=0&nonce=tovuh0bb8ebn2&user=09628244583025965175&hash=vru3l4l5njmf1k5k6ge48o55ggjor35h

“O hospital de campanha de São Gonçalo ainda é um grande canteiro de obras”. A afirmação é do deputado Renan Ferreirinha (PSB), que, na tarde de hoje, fez sua terceira vistoria na unidade. O governo do Rio prometeu abrir a unidade às 18h de hoje. É a terceira data apresentada pelo Executivo. A entrega da unidade deveria ter sido feita há um mês e, de acordo com Ferreirinha, o local parece não ter condições de receber pacientes.

- Ainda estão fazendo a ligação com o sistema de saneamento básico, ainda não prepararam o caminho para a ambulância. Esse é um lugar que historicamente sofre com alagamento. Se chover muito, como as ambulâncias vão passar? Não dá para chamar de hospital, é um grande canteiro de obras. Tem montinhos de areia, indício de que ainda há obra a ser feita ou que não limparam o terreno.

O deputado Renan Ferreirinha destaca que extintores, por exemplo, ainda não foram instalados, e teme que a unidade não tenha a segurança necessária. Ele também conta que as salas de médicos e enfermeiros ainda estão inacabadas.

- Pelo visto, vão inaugurar de qualquer jeito. Os profissionais de saúde estão dedicando suas vidas para salvar a população e merece ter estrutura para trabalhar. Além disso, precisamos saber se eles terão os equipamentos de proteção individual para trabalhar aqui. Um levantamento recente mostra que nos últimos dois meses, o estado do Rio foi o que mais registrou mortes de médicos e enfermeiros por causa da Covid-19. Foram 30 médicos e 36 enfermeiros mortos em dois meses. É muito triste - dispara Ferreirinha.

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