Líder do Solidariedade e um dos principais articuladores do acordo entre o presidente Jair Bolsonaro e o Centrão, o deputado Paulinho da Força (SP) foi condenado a dez anos e dois meses de prisão, por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. A decisão foi tomada nesta sexta, em sessão virtual, pela Primeira Turma do STF, por três votos a dois.
A pena, pela duração, terá que começar a ser cumprida em regime fechado. Paulinho também foi enquadrado na chamada "lei do colarinho branco". Caso não consiga reverter a sentença, Paulinho, que lidera com Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto o acerto de onze partidos com o presidente, corre risco de trocar a rampa do Planalto pelas celas da Papuda, o complexo penitenciário do Distrito Federal, por onde já passaram políticos condenados pelo Mensalão, como José Dirceu.
Paulinho foi denunciado ao STF em 2012 por suposta prática de crime contra o Sistema Financeiro Nacional, pelo desvio de recursos concedidos por instituição financeira, em concurso material com crimes de lavagem de dinheiro. Os fatos ocorreram entre dezembro de 2007 e abril de 2008. Paulinho e outros comparsas atuaram em nome da Prefeitura de Praia Grande e das Lojas Marisa S/A para obter dois financiamentos junto ao BNDES. O lobby integrado pelo deputado, de acordo com os autos, teria conseguido liberar 124 milhões de reais à prefeitura e 165 milhões de reais à rede de lojas. Em troca, o parlamentar teria auferido uma parte dos recursos, o que configuraria crime pela Lei do Colarinho Branco.
"Elementos de prova colhidos nos autos da investigação revelaram indícios de que o Deputado Federal Paulo Pereira da Silva participava das ações do grupo consistentes no desvio dos recursos do BNDES e se beneficiava da partilha da "comissão" cobrada aos beneficiários dos financiamentos", diz um dos trechos do processo no STF. A 'abertura da caixa-preta do BNDES' foi um dos motes de campanha do presidente Jair Bolsonaro, que insatisfeito com o que considerava lentidão na descoberta de irregularidades demitiu o primeiro presidente que nomeou para o banco, o economista Joaquim Levy.
Não houve unanimidade na condenação de Paulinho da Força, estrela do 'sindicalismo de resultados' protgonizado por ele e o ex-deputado federal Luís Antônio de Medeiros, fundadores da Força Sindical, uma das maiores centrais do País. Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Rosa Weber votaram pela condenação enquanto Marco Aurélio Mello e Alexandre de Moraes votaram a favor de Paulinho.