Um grupo formado por pelo menos seis pessoas entrou no Hospital municipal Ronaldo Gazzola, unidade de referência no tratamento da Covid-19 no Rio, e invadiu alas restritas a médicos e pacientes na tarde de hoje (12). De acordo com relatos de profissionais, uma mulher, pertencente ao grupo, muito alterada, teria chutado portas, derrubado computadores e até tentado invadir leitos de pacientes internados.
Os invasores seriam parentes de uma pessoa que morreu por coronavírus na unidade. Revoltados, eles gritavam, pelo quinto andar da unidade, que tinham direito de verificar os leitos, para ver se estavam mesmo ocupados, e por vezes, ainda segundo relatos de quem presenciou tudo, também gritavam: "Mentira! mentira!"
Imagem: Reprodução do vídeo da confusão
Testemunhas contaram, ainda, que uma enfermeira, que cuidava de uma paciente idosa, precisou usar uma cadeira e forçar a porta para conseguir impedir que uma das pessoas invadisse o quarto. A confusão só teria terminado quando Guardas Municipais interviram e retiraram os manifestantes.
– Escutei gritos, achei que era algum paciente que estava com algum tipo de surto psiquiátrico. Foi quando uma mulher passou correndo no corredor e começou a chutar e gritar, chutando as portas dos pacientes que estavam na enfermaria – contou uma testemunha, que, por questões de segurança, prefere não se identificar.
– Eu não sei como conseguiram entrar. Nós temos seguranças no prédio. Não sei se algum deles estava armado e conseguiu intimidá-los... por vezes um homem chegava e falava: "Não encosta em mim!", como se intimidasse as pessoas – relatou um profissional. – Foi desesperador. Todos gritavam para que eles não entrassem nos leitos. Estávamos numa situação em que só pensávamos que não tínhamos como escapar.
Em uma das imagens mostradas por quem testemunhou a confusão, é possível ver que uma das mulheres,que precisou ser contida por guardas, deixou até os chinelos para trás.
A ação aconteceu um dia depois do presidente Jair Bolsonaro, durante live presidencial, pedir para seus apoiadores "darem um jeito" de invadir hospitais para filmar os leitos destinados aos pacientes com coronavírus. Segundo o ex-capitão, ninguém morreu de falta de leitos e o número de mortes por coronavírus foi inflado para "ganho político" contra ele.
Reprodução YouTube
Da acordo com a Secretaria Municipal de Saúde "não é verdadeira a informação de que houve uma invasão ao Hospital Municipal Ronaldo Gazolla nesta sexta-feira (12/06) por pessoas armadas que estariam tentando filmar os CTIs e enfermarias", conforme foi divulgado por alguns veículos de comunicação.
Segundo o comunicado da Rio Saúde, "o que ocorreu foi um tumulto após a chegada de cinco pessoas de uma mesma família que, desesperadas ao receberem a notícia da morte de uma parente internada no local – uma senhora de 56 anos, ocorrida nesta manhã – entraram nervosas na unidade. Transtornada, uma mulher subiu as escadas correndo e quebrou uma placa de sinalização e bateu uma porta, causando danos. Vigilantes, guardas municipais de uma viatura que fica baseada no hospital e integrantes da equipe assistencial ajudaram a contornar a situação. A mulher precisou ser medicada para se acalmar".
Segundo a Rio Saúde, também não é verdadeira a informação de que uma paciente idosa teria morrido em função da confusão. "A direção do Hospital Ronaldo Gazolla lamenta que a dor de uma família, que tomou uma atitude desesperada, esteja sendo distorcida e usada para alimentar fake news neste momento".