As taxas de aleitamento materno no Brasil estão bastante aquém do recomendado, apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e internacionais. Além da amamentaçãoservínculo de afeto e nutrição para a criança, é a intervenção mais econômica para redução da mortalidade infantil, segundo o Ministério da Saúde.
Para a presidente da SBP- Sociedade Brasileira de Pediatria, Drª Luciana Silva, o pediatra é o protagonizador do incentivo ao aleitamento. "Ele tem um papel muito importante ao incentivar e ao tirar dúvidas da mãe e do pai da criança, nas consultas subsequentes do primeiro ano de vida", considera.Ovice-presidente da SBP, Dr. Edson Ferreira, resume:"cortou o cordão umbilical, a nova ligação passa a ser o aleitamento materno, a ligação com a mama. Cada mamífero tem o seu leite próprio".
Menos mortes súbitas nos bebês e mais proteção para as mães
A pediatraVilneide Braga Serva afirma que existem muitas razões comprovadas para a amamentação ser estimulada. "O leite materno diminui em 12% o número de mortes em crianças menores de cinco anos de idade. O risco da síndrome de morte súbita do lactente é 36% menor em crianças que se abastecem de leite materno. Previne a diarréia e a gravidade em até 1/3 nos casos de doenças respiratórias como gripe, rinofaringite e pneumonia", alerta ela.
A otite média aguda em criança que mama em caráter exclusivo é 33% menor nos primeiros dois anos de vida e a rinite alérgica fica abaixo de 21% nos primeiros cinco anos. Além disso, a bronquiolite é sete vezes maior nos três primeiros meses de vida, na criança que não mama no peito. Em bebês prematuros graves de UTI Neonatal que consomem leite humano, o risco de ter enterocolite necrosante diminui em 58%.Quanto ao desempenho de inteligência e escolaridade, 72% das crianças que mamam leite materno, por um ano, quando adultas, têm maior renda financeira, ressalta a médica.A recomendação é a amamentação até os dois anos de idade ou mais, e que nos primeiros seis meses, o bebê receba somente leite materno, sem necessidade de sucos, chás, água e outros alimentos.
Mas não é só para a criança, que o aleitamento materno é importante, relata Drª Vilneide: "Na saúde da mãe ele protege contra a diabetes tipo 2, o câncer de mama, de ovário e de endométrio". O neurologista Waldimiro Serva, da Universidade Federal de Pernambuco, fez um trabalho em que mulheres diagnosticadas com enxaqueca antes da gestação, quando amamentavam exclusivamente até o primeiro mês, diminuíam a recorrência da dor no sétimo e no trigésimo dia após o parto. A avaliação do estudo mostra uma diferença de estatística significante, celebra a médica. A crise de enxaqueca ocorre na primeira semana pós-parto nas mulheres que não amamentam em caráter exclusivo, por voltar a flutuação do hormônio estrogênio.