O capacete de respiração assistida denominado Elmo, desenvolvido no estado do Ceará a partir de parceria público-privada, já começou a ser testado em pacientes voluntários internados no Hospital Leonardo da Vinci, em Fortaleza, e apresentou excelente desempenho. A primeira pessoa a usar o capacete foi uma paciente idosa de 77 anos de idade, na última terça (23). Ela apresentava insuficiência respiratória e o uso do capacete foi efetivo. Nos primeiros minutos, a saturação da paciente aumentou de 90 para 96 a 97%.
Sem entubação
O capacete prevê a utilização de um mecanismo de respiração artificial não-invasivo, sem necessidade do paciente ser entubado, com maior segurança também para os profissionais de saúde. Durante os testes clínicos, 10 protótipos do equipamento serão utilizados em pelo menos 12 pacientes voluntários, com o objetivo de aferir a eficácia no que diz respeito à oxigenação e usabilidade, além de identificar possíveis efeitos colaterais. Os testes seguem ao longo dos próximos dias, configurando-se como a última etapa do processo de testagem, um dos requisitos exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a produção em escala industrial.
Três meses de trabalho
Levou menos de três meses entre o desenvolvimento do protótipo e os testes do Elmo em pacientes acometidos por Covid-19. O projeto envolveu esforços do Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde (Sesa), Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE) e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), além da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Ceará), Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Federal do Ceará (UFC) e da empresa Esmaltec, do Grupo Edson Queiroz.
Experiência italiana
O Elmo foi inspirado na experiência de médicos italianos que estão usando máscaras de mergulho no tratamento de pacientes com Covid-19 e no uso de capacetes hiperbáricos, utilizados em doenças de descompressão, que também estão sendo usados na Europa e nos Estados Unidos. A versão cearense do capacete de respiração assistida se diferencia dos equipamentos similares principalmente por envolver tecnologias, processos e materiais todos disponíveis no Ceará, tornando desnecessária a importação de insumos nesse momento de pandemia.
Universidade de Fortaleza
A Universidade de Fortaleza participou da iniciativa desde o início, em três frentes de atuação: projeto das peças do capacete, testes de validação do protótipo e integração das ações com as empresas do Grupo Edson Queiroz. “Fechamos um acordo com a empresa Esmaltec, que iniciou o planejamento de produção dos capacetes e o colocará em prática após autorização da Anvisa”, destaca o professor Vasco Furtado, diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza, instituição mantida pela Fundação Edson Queiroz.
Agilidade na transferência tecnológica
A Esmaltec, empresa do Grupo Edson Queiroz, também teve uma importante participação desde a concepção e desenvolvimento do projeto. Foram dedicados os principais recursos humanos para que o capacete Elmo fosse desenvolvido. Tais recursos são os mesmos aplicados e utilizados no desenvolvimento e fabricação dos seus produtos disponíveis no Brasil e em diversos países. Para a Esmaltec, participar de um projeto que tem como objetivo salvar vidas ante a esse cenário de pandemia tem sido uma experiência única e gratificante.