O desrespeito ao fiscal da Vigilância Sanitária Flávio Graça custou caro a Nivea Del Valle Maestro. O vídeo em que ela e o marido, Leonardo Barros, discutem com o servidor da Prefeitura por se recusarem a cumprir as regras de distanciamento social, sexta-feira, em bares da rua Olegário Maciel, na Barra, foi ao ar no Fantástico. Além disso, a provocação em resposta ao fiscal, que alertara para o comportamento do marido ' Cidadão, não! Engenheiro Civil formado, melhor do que você!' motivou uma enxurrada de críticas nas redes sociais.
O incidente, nunca é demais lembrar, foi na emergente Barra da Tijuca. A mesma de onde partiram as carreatas que buzinaram perto de hospitais pedindo a reabertura do comércio e desafiando sucessivas decisões judiciais contra aglomerações. A mesma Barra da Tijuca em que boêmios insurretos recusaram o chamado a cumprir as normas sanitárias de distanciamento com um coro de torcida organizada e entusiasmo de ativista do Não Vai Ter Copa': "A gente não vai embora!'
Os comentários sobre o incidente se dividiam quanto à responsabilidade maior ou menor do presidente Bolsonaro em incentivar esse tipo de comportamento desrespeitoso nos seguidores dele. Quanto ao tom debochado e arrogante de Nivea, não houve a mesma polarização, e a condenação do tribunal dos internautas foi por ampla margem. Atenta a esse quadro, a Transportadora Aliança de Energia SA, Taesa, divulgou uma nota em que informa a demissão de Nívea, por considerar o comportamento incompatível com a responsabilidade social devida por uma companhia que presta serviços público e em decorrência disso tem uma série de normas a seguir. Além das ofensas ao fiscal, Nivea brindou a equipe do Fantástico, programa da Globo, com o elegante 'Jornalista...ô raça vagabunda do caralho!'
Os transtornos por conta da recusa a manter distanciamento e além disso provocar o fiscal da Prefeitura e a edquipe do Fantástico podem ir além. O portal Yahoo levantou que Nívea é controladora de uma empresa com capital social de R$ 94 mil, empregada regular em uma empresa com R$ 12 mil de salário, e ainda assim o marido, 'engenheiro civil formado' e 'melhor do que o fiscal da Prefeitura', por sua vez doutor em Veterinária e servidor concursado da Prefeitura do Rio, consta no cadastro do Auxílio Emergencial. Leonardo Barros recebeu a primeira parcela do Coronavoucher, de acordo com o Portal da Transparência. Pelas normas do programa, agora que o caso ganhou repercussão nas redes sociais que o presidente tanto preza, dificilmente receberá as próximas. Correndo risco de ter que devolver a primeira. O limite de renda familiar para ter direito ao auxílio emergencial é de R$ 3.135, praticamente um quarto do que Nivea recebe.