O BRT Rio informou, por meio de nota, que registrou perdas de R$ 100 milhões e pode parar a operação a partir de agosto. A crise foi provocada pela pandemia de Covid-19, que restringiu a circulação de pessoas e causou redução no número de passageiros.
Desta forma, o consórcio solicita auxílio financeiro do poder público para continuar transportando passageiros em meio à crise. A iminência da interrupção dos serviços foi divulgada na tarde desta sexta-feira, 10 de julho de 2020.
O consórcio menciona uma queda drástica do número de passageiros desde o anúncio das medidas restritivas. Em março, o BRT Rio registrou redução de 75% da demanda durante os 90 dias do ápice do isolamento social.
Desequilíbrio das contas
Além disso, também segundo o consórcio, com a flexibilização das restrições de isolamento da população em junho, a retomada gradual da atividade econômica devolveu 25% dos passageiros ao sistema, mas isso não tem sido capaz de equilibrar as contas.
“As projeções indicam que somente no segundo semestre de 2021 retomaremos o número de passageiros que o sistema tinha antes da pandemia. A situação do BRT Rio é calamitosa. Se o sistema não obtiver um socorro financeiro emergencial dos Governos o BRT não terá alternativa a não ser paralisar sua operação, o que poderá ocorrer já em agosto”, disse o presidente-executivo do BRT Rio, Luiz Martins, em nota.
O consórcio também menciona que a situação crítica do BRT Rio comprova a realidade de outros modais do Rio de Janeiro. No MetrôRio e na Supervia as perdas estão em patamar similar ao do BRT, revelando que o colapso econômico-financeiro é comum a todos os modais de massa do Estado do Rio de Janeiro.
Números
Em nota, o BRT Rio também apresentou os números que comprovam as perdas financeiras no sistema. Confira os detalhes informados, na íntegra:
“No período anterior à pandemia o BRT transportava cerca de 300 mil passageiros pagantes por dia, fora as gratuidades e evasões por calote. Com a implantação das medidas restritivas esse número caiu para 75 mil/dia em março, e se manteve assim até meados de junho. Após a terceira fase de flexibilização com restrições da Prefeitura do Rio, o BRT Rio vem registrando 150 mil passageiros/dia, ou seja, apenas 50% da demanda média antes da pandemia.
Sem previsão de retomar a totalidade dos passageiros nos próximos meses as dívidas se acumulam, ao mesmo tempo em que despesas com salários de rodoviários, manutenção dos ônibus articulados, compra de óleo diesel, manutenção das estações e terminais não param.
O BRT Rio adotou todas as medidas alternativas na tentativa de preservar empregos, concedendo férias e reduzindo jornadas, entre outras ações. No entanto, na semana passada, a empresa se viu obrigada a demitir 670 funcionários para readequar sua folha de pessoal à realidade financeira da empresa. Se o diagnóstico já era preocupante, a Covid-19 jogou o paciente no CTI.
Antes da pandemia, o BRT já vinha lutando para manter os postos de trabalho frente a adversidades como a não concessão de reajuste da tarifa, política de gratuidades, evasão de passageiros, vandalismo e furtos nas estações.”