Perfis e páginas de alguns dos principais financiadores e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais foram retirados do ar. A determinação parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, visando a interrupção de discursos com conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática. Sob pena de multa, as redes sociais Facebook e Twitter efetivaram nesta sexta-feira, 24/7, determinação encaminhada dia 22 de maio pelo ministro Alexandre de Moraes, que preside os inquéritos contra fake news e manifestações antidemocráticas, como a que levou à porta do Quartel-General do Exército faixas pedindo a intervenção militar com Bolsonaro e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
A decisão atinge alguns dos principais nomes do bolsonarismo, como Sara Geromini (a Sarah Winter), Allan Lopes dos Santos, Bernardo Kuster e os empresários Luciano Hang, dono da Havan, e Edgar Corona, fundador da rede de academias Smart Fit, alvo de inquérito do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro por dificultar a suspensão de contratos dos clientes durante a pandemia.
O despacho de Alexandre de Moraes alcança também Edson Pires Salomão, Eduardo Fabris Portella, Enzo Leonardo Suzi Momento, Marcos Dominguez Bellizia, Rafael Moreno, Paulo Gonçalves Bezerra, Rodrigo Barbosa Ribeiro, Reinaldo Bianchi Júnior, Octávio Oscar Fakhoury e Winston Rodrigues Lima.
A determinação de Alexandre de Moraes prevê ainda a busca e apreensão pela Polícia Federal de celulares, tablets e quaisquer dispositivos eletrônicos utilizáveis para a difusão desses conteúdos, para permitir a produção de provas.
Mesmo para os padrões do Judiciário brasileiro, e os tempos atípicos da pandemia, chama atenção a demora entre a decisão e a retirada do ar dos perfis listados. Prêmio Esso de 2015, a repórter Luiza Roig, do Valor, responsável pela cobertura de assuntos judiciais, tuitou uma explicação combinando um incidente prosaico e uma refinada manobra política. Primeiro faltou a arroba no despacho, que continha nomes e CPFs, mas não endereços eletrônicos completos. Em seguida, Moraes preferiu esperar a aprovação do inquérito que presidia pelo plenário do Supremo, antes de cobrar o efetivo cumprimento da decisão por ele expedida.
Nas redes sociais, aliados de Bolsonaro questionaram a determinação. Um empresário ligado à campanha presidencial chegou a se dizer 'com a boca tapada por esparadrapos'. O ex-ministro da Educação Abram Weintraub postou uma mensagem em defesa da liberdade de expressão, memos mote utilizado por Carlos Jordy, deputado federal, Rodrigo Constantino e Bia Kicis, afastada da vice-liderança do governo por votar contra a aprovação do novo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), contrariando a maioria da Câmara (499 votos no primeiro turno, 492 no segundo) e a própria orientação do Planalto, que na reta final abriu mão da tentativa de usar parte dos recursos para o Renda Brasil, sucessor do Bolsa-Família.