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Um olhar da segurança do trabalho na volta às atividades laborais no Brasil

Trabalhadores estão inseguros na retomada do serviço, pois número de mortes da Covid-19 ainda é grande

Por Portal Eu, Rio! em 21/08/2020 às 18:16:51

CBF adotou teste de temperatura dos jogadores no Campeonato Brasileiro. Foto: Lucas Figueiredo-CBF

O Brasil vai voltando às atividades de acordo com as etapas estabelecidas por cada estado. Porém, o sentimento de insegurança incomoda muitos trabalhadores, já que o número de mortes causadas pelo Covid-19 ainda não apresenta redução, na maior parte das cidades.

De acordo com o especialista na área de Segurança do Trabalho Antonio Carlos Vendrame, as empresas têm colocado em prática o protocolo de retomada determinado na Portaria nº 20, publicada no Diário Oficial da União no dia 18 de junho de 2020, que estabelece todas as medidas a serem seguidas visando a prevenção, o controle e a mitigação dos riscos de transmissão do Covid-19 nos ambientes de trabalho.

"O protocolo está sendo colocado em prática de diversas formas, sendo que muitas empresas têm até mesmo extrapolado as obrigações, promovendo ações como testagem de todos os funcionários", conta Vendrame.

Nesta entrevista ao Portal Eu, Rio!, o especialista Antonio Carlos Vendrame fala sobre a segurança do trabalho no retorno às atividades laborais.

Portal Eu, Rio! - As empresas estão, de fato, cumprindo o protocolo?

Antonio Carlos Vendrame - Sim, do contrário não conseguem operar. Muitas estão cumprindo estritamente o que o protocolo determina, com a exigência do uso da máscara, aferição de temperatura, distanciamento de estações de trabalho, teleatendimento e reforço na higienização do ambiente. Existem empresas que estão fazendo mais do que o obrigatório.

PER - Quais seriam essas ações extras?

ACV - Posso destacar duas. A primeira é a preocupação das empresas de testar os seus colaboradores, ainda que a Portaria 20 tenha desobrigado os empresários de fazê-lo. Já verificamos uma alta de 30% na busca pelos nossos testes, o que mostra que as empresas estão sim fazendo testes a cada 14 dias e/ou quando algum funcionário é diagnosticado com o novo Coronavírus.

Outra novidade é a utilização de tecnologia para a sanitização do ambiente. Existem equipamentos que retêm o ar ambiente para seu interior; lâmpadas ultravioletas com o poder de inativar microrganismos - inclusive os vírus. Após eliminá- los, o ar é devolvido ao ambiente totalmente limpo. Há também um módulo no equipamento para limpeza detalhada de superfície, à base de ozônio, uma molécula com 3 átomos de oxigênio, também reconhecido como agente esterilizante. Como é um gás gerado pela ação do ultravioleta, o ozônio faz uma limpeza profunda do ambiente, ingressando onde nenhuma limpeza manual conseguiria.

PER - Qual, na sua opinião, é um bom plano de contenção?

ACV - Acredito que tudo tenha que começar com uma consultoria de biossegurança bem executada. Este diagnóstico minucioso deve ser feito de acordo com a realidade de cada empresa, segmento e possibilidade de exposição ao vírus. Só após o estudo é possível definir as ações mais adequadas para a empresa. É importante pensar em ações extras? Sempre! É bom para a imagem da empresa e para o relacionamento com seus colaboradores e clientes. Mas não podemos esquecer que esse é um momento de crise, e se trata de uma situação instável e bastante onerosa para as companhias. Se não for possível prever que as ações tenham continuidade até o final da pandemia, melhor não incluir no plano, pelo menos, não de saída. Melhor fazer bem feito o básico do que ficar tentando incluir uma porção de coisas que depois a empresa não conseguirá manter.

PER - Sendo assim, você acha que é seguro voltar?

ACV - Sim, retornar é absolutamente seguro, desde que empresa e empregado cumpram todo o ritual de prevenção. Atitudes simples como lavar as mãos várias vezes pode dificultar ainda mais o contágio por contato. Abrir janelas e não utilizar o ar condicionado dificulta o contágio via respiratória. Evitar a aglomeração de pessoas e praticar a etiqueta social também ajudam a não dispersar qualquer vírus que esteja no ambiente.

PER - Acredita que as empresas conseguirão manter o protocolo?

ACV - Ou elas conseguem manter o protocolo ou terão de interromper suas atividades, seja por força de uma fiscalização, seja por conta de um novo surto dentro da empresa. Por isso, a empresa deve trabalhar diariamente a comunicação para garantir que os colaboradores sigam o protocolo, tanto para preservar suas vidas quanto garantir a continuidade dos negócios. Paralisar uma empresa por 14 dias devido a um surto, pode ser um prejuízo irreparável, encerrando de vez as suas atividades.

PER - Quando a empresa está falhando na execução do plano?

ACV - O descumprimento das medidas e o relaxamento no comportamento são indicativos de que não só a empresa, mas também o empregado está falhando na execução do plano. Mais do que cobrar da empresa é preciso que cada trabalhador tenha responsabilidade e maturidade para manter uma atitude ativa necessária. É impossível somente a empresa levar adiante um plano desta magnitude sem o comprometimento e participação de todos.

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