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'Guardiões do Crivella': servidores que impediam matérias são investigados no MP

Grupo é suspeito de monitorar reportagens sobre a crise da saúde pública do Rio na porta de hospitais

Por Portal Eu, Rio! em 01/09/2020 às 15:15:45

Crivella será investigado pelo MP-RJ. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O "Guardiões do Crivella", grupo suspeito de monitorar e impedir reportagens sobre a crise da saúde pública do Rio na porta de hospitais, tem sofrido debandada de integrantes desde a noite de ontem (31), quando a TV Globo revelou a sua existência. Prints de integrantes do grupo de WhatsApp mostram a saída de vários dos servidores comissionados da prefeitura em sequência, entre a noite de ontem e a madrugada de hoje. As imagens mostram que Marcos Paulo de Oliveira Luciano, conhecido como ML e suposto coordenador do esquema, alerta as pessoas para que não saiam. "Gente, não é para sair do grupo, nunca houve nada errado aqui", diz em uma mensagem (veja imagem abaixo).


Imagem: Reprodução Whatsapp

Lotado no gabinete de Crivella com "cargo especial", ML tem salário bruto de R$ 10.513,00. A suposta ilegalidade fez com que o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) iniciasse hoje uma investigação contra o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos).

De acordo com a reportagem da TV Globo, funcionários da prefeitura eram distribuídos em unidades de saúde da capital fluminense para cercear reportagens críticas à administração municipal. O grupo tinha escalas rígidas de horários e cobranças por intimidações a jornalistas. Alguns dos funcionários desses grupos chegavam a ganhar salários líquidos, pagos pelos contribuintes, que superam R$ 10 mil. O próprio Marcelo Crivella fazia parte do grupo.

Investigação do MP

Por causa da denúncia, o MP-RJ instaurou hoje (1) um "procedimento preparatório criminal para investigar a possível prática de crimes que teriam sido cometidos pelo prefeito Marcelo Crivella". Segundo o órgão, Crivella será avaliado pelos possíveis crimes de associação criminosa e prática de conduta criminosa, este último com relação às suas responsabilidades como prefeito. A vereadora Teresa Bergher (Cidadania) também confirmou nas redes sociais que vai apresentar um pedido para instaurar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre o esquema na Câmara. Teresa se disse "perplexa" pela revelação do esquema. "Contratar pessoas com dinheiro público para impedir que o cidadão tenha acesso à informação? É revoltante!", afirmou a vereadora carioca.

Mandados de Busca e Apreensão

Policiais civis da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) realizaram, hoje (1), a Operação Freedom para cumprir nove mandados de busca e apreensão contra servidores que faziam parte do grupo "Guardiões do Crivella". Os funcionários eram pagos para atacar jornalistas, pacientes e parentes que faziam reclamações sobre a rede municipal de saúde. Um dos mandados foi contra Marcos Paulo de Oliveira Luciano, o ML. Hoje (1), ele prestou depoimento à polícia.

O que disse a Prefeitura

Em nota divulgada hoje (1), a Prefeitura do Rio afirmou que a notícia é uma "manipulação". Ontem, no entanto, o governo municipal não negou a existência do grupo de Whatsapp. "Essas mentiras colocaram a saúde das pessoas em risco, porque muitas poderiam deixar de procurar a unidade por acreditar nas notícias falsas", diz um trecho da nota.

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