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Flávio Bolsonaro após ganhar liminar da TV Globo: 'não tenho nada a esconder'

Senador disse que parte da imprensa inventa narrativas para desgastar sua imagem e do seu pai

Por Portal Eu, Rio! em 05/09/2020 às 10:03:27

Flávio Bolsonaro. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) disse que não tem nada a esconder horas depois de conseguir liminar na Justiça do Rio que proíbe a TV Globo de exibir documentos sigilosos de investigações sobre o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A emissora ainda não se pronunciou sobre o assunto.

Nas redes sociais, Flávio comemorou a liminar e disse que parte da imprensa "inventa narrativas" para desgastar a sua imagem e a do seu pai.

"Acabo de ganhar liminar impedindo a #globolixo de publicar qualquer documento do meu procedimento sigiloso. Não tenho nada a esconder e expliquei tudo nos autos, mas as narrativas que parte da imprensa inventa para desgastar minha imagem e a do presidente Jair Bolsonaro são criminosas", disse ele.

"[A] juíza entendeu que isso é altamente lesivo à minha defesa. Querer atribuir a mim conduta ilícita, sem o devido processo legal, configura ofensa passível, inclusive, de reparação", acrescentou.


A juíza Cristina Serra Feijó, da 33ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, proibiu em caráter liminar a exibição de qualquer documento ou peça do processo sigiloso referente à investigação das "rachadinhas" envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na TV Globo.

A medida atendeu pedido do parlamentar, que apresentou ação ontem, por meio de seus advogados Rodrigo Roca e Luciana Pires. O processo está sob sigilo.

"Informações de evidente interesse público"

Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) criticou a censura e disse que a decisão atenta "contra a liberdade de imprensa, cerceia o direito da sociedade de ser livremente informada". "Isso é ainda mais grave quando se tratam de informações de evidente interesse público", apontou a ANJ.

O presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Träsel, também criticou a censura imposta pela Justiça do Rio.

"Consideramos qualquer tipo de censura prévia inaceitável numa democracia, sobretudo quando o alvo da cobertura jornalística é uma pessoa pública cujo mandato foi outorgado pelo voto, o que lhe traz a obrigação de prestar contas à sociedade. Não tivemos acesso à sentença, mas uma medida como essa exigiria razões excepcionais para se justificar", afirmou. "A decisão da 33ª Vara Cível do TJRJ dificulta a cobertura jornalística das graves denúncias contra o senador Flávio Bolsonaro, violando a liberdade de imprensa e o direito à informação."

"Quem perde são os eleitores do Rio de Janeiro e todos os cidadãos, que terão dificuldades para acompanhar o andamento das investigações contra o filho do presidente da República e avaliar se as autoridades estão cumprindo seus deveres", concluiu Träsel.

Nas redes sociais, jornalistas, famosos e anônimos também criticaram a decisão da Justiça e classificaram como "censura". "Censura. O que teme?", ironizou Sonia Bridi, repórter da Globo. "Qual o motivo? Por que será?", questionou o apresentador Marcelo Cosme, da GloboNews. "O nome é censura", ressaltou a comentarista Flávia Oliveira, também da GloboNews.

Esquema criminoso

Flávio Bolsonaro é investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, em suposto esquema do qual faria parte seu então assessor Fabrício Queiroz, demitido em 2018 após os primeiros indícios de irregularidades no gabinete do filho do presidente serem revelados. Queiroz foi preso em Atibaia (SP) em junho, e cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro.

Na segunda-feira, 31, o Ministério Público do Rio informou que o rupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc/MPRJ) finalizou as investigações e encaminhou o procedimento criminal para o procurador-geral de Justiça do Rio.

Em agosto, extratos bancários de Queiroz anexados à investigação revelaram que o ex-assessor de Flávio depositou 21 cheques em nome da primeira-dama Michelle Bolsonaro. As transações datam de outubro de 2011 a dezembro de 2016, em valores que variam de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Somados, os cheques somam R$ 72 mil.

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