Dois PMs foram presos, ontem (8), durante a Operação Total Flex, realizada pela Polícia Civil contra integrantes de uma milícia que age em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Um deles é o líder do grupo paramiliar, o soldado Igor Ramalho Martins, lotado na UPP São João, na Zona Norte da capital. O bando chefiado por Igor chegou a ser contratado por R$ 300 mil pelo miliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, para sequestrar e matar o MC Poze. Igor chegou a tentar capturar o funkeiro, o esperando próximo à favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, mas não conseguiu pegá-lo.
O outro PM preso hoje foi o soldado Rodrigo Dias Renovato Alonso, também lotado na UPP São João. Uma terceira pessoa foi presa, mas a identificação dela não foi divulgada.
Além das duas prisões, os agentes também apreenderam com os militares seus celulares e diversas armas. Ao todo foram sete mandados de prisão preventiva e 43 mandados de busca e apreensão. Cinco mandados de prisão foram contra PMs, mas apenas Igor e Rodrigo foram capturados. Os demais continuam foragidos.
Igor já havia sido preso em março do ano passado pelo mesmo crime. Ele também já foi baleado duas vezes desde que entrou para a Polícia Militar. A primeira vez foi em maio de 2016, durante um patrulhamento de rotina no Complexo do Alemão. A segunda foi em outubro de 2018, em uma tentativa de assalto no Rio Comprido.
Rodrigo também já foi baleado, ferido de raspão na cabeça, em dezembro de 2017. Na ocasião, ele estava fazendo um patrulhamento no Engenho de Dentro, quando trocou tiros com bandidos armados que estavam dentro de um carro.
Ligações com miliciano Ecko
De acordo com a polícia, o grupo paramilitar chefiado por Igor tem ligação com a milícia de Ecko, a maior do estado e que age principalmente na Zona Oeste da capital e tem ramificações em outros municípios da Região Metropolitana e Baixada.
O grupo do PM também tem ligação com milicianos de Jacarepaguá e com o traficante Edgar Alves de Andrade, o Deco, um dos líderes da facção Comando Vermelho (CV).
Atuação
A quadrilha agia através de atividades típicas da milícia, como a exploração de sinal clandestino de TV e Internet, extorsões através de um suposto serviço de segurança e roubos.
As investigações para a operação começaram a partir de um assassinato em novembro do ano passado em Nova Iguaçu, quando o corpo da vítima foi encontrado carbonizado em meio a pneus. A partir daí, através de depoimentos, apreensão de armas e prisões, a polícia descobriu a existência da quadrilha.
Além de Ecko e do traficante Doca, o grupo paramilitar conta com a ajuda de outros criminosos para receber informações de pessoas com grande quantia de valor em poder para roubá-las. Eles chegaram a planejar roubar uma idosa que recebeu R$ 150 mil de um seguro de vida.
Ação com 150 policiais
A ação de hoje foi comandada pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), teve o apoio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco) e contou com cerca de 150 policiais. PMs da Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) também acompanharam o cumprimento dos mandados.
Foto: Divulgação Polícia Civil
A Polícia Militar disse que "enfatiza que, como tem demonstrado ao longo de sua história, não compactua e pune com o máximo rigor os desvios de conduta, quando constatados, cometidos por seus membros".