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Observatório do Clima acusa Bolsonaro de mentir em discurso na ONU

Presidente afirmou que Brasil é 'vítima de campanha brutal de desinformação sobre Pantanal e Amazônia'

Por Portal Eu, Rio! em 22/09/2020 às 15:02:49

Jair Bolsonaro discursa na Assembleia Geral da ONU. Foto: Reprodução TV Brasil


Reprodução YouTube

O discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura da 75ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), nesta terça-feira (22), conteve críticas ao que ele considera serem pressões externas ao Brasil com "interesses escusos", mas, em comparação com sua estreia nos debates anuais, em 2019, foi marcado por um tom mais ameno.

Assim como no discurso do ano passado, Bolsonaro dedicou boa parte da sua fala à questão ambiental, tentando convencer o mundo, com base em estatísticas, que o Brasil é um líder na preservação da natureza e que seu governo está comprometido com essa causa.

Bolsonaro, porém, omitiu os dados negativos. Ele nada falou sobre os índices recordes de incêndios na Amazônia e no Pantanal, segundo dados do INPE. E afirmou que as queimadas no Pantanal são um fenômeno normal e que o que arde na Amazônia são áreas degradadas.

A organização Observatório do Clima fez um trabalho de fact-checking durante o discurso e acusou o governante de mentir. Em entrevista à GloboNews, o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astini, afirmou que "o Brasil deveria apresentar o que vai fazer para solucionar os problemas, não negar os problemas. [Bolsonaro] fugiu da responsabilidade de cuidar do Brasil". Segundo Astrini, essa postura pode afetar o acordo entre Mercosul e União Europeia.

Além disso, ao dedicar a parte inicial do discurso à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro tratou de se eximir de responsabilidade pelas medidas de isolamento social (segundo ele, delegadas aos governadores) e gabou-se de ter promovido "tratamentos precoces" para a covid-19. A referência evidente à hidroxicloroquina, que não tem eficácia contra a doença, foi reforçada na frase seguinte, em que reclamou da alta nos preços dos insumos para o remédio.

Uma acusação mais dura contra as nações que criticam a política ambiental de seu governo apareceu apenas no trecho em que Bolsonaro diz que o Brasil é "vítima de uma campanha de desinformação", sustentada em "interesses escusos". Em outro ponto, o presidente disse que o Brasil tentou avançar com a proposta de criação de um mercado de carbono na COP25, a conferência de clima realizada em Madri, no ano passado, mas encontrou barreiras impostas por outros países. "Fomos derrotados pelo protecionismo", disse Bolsonaro.

Em 2019, Bolsonaro foi bem mais incisivo em seus ataques àqueles que criticavam o desmatamento no Brasil. "Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista", disse Bolsonaro na ocasião. Em seguida, ele fez uma referência clara à França de Emmanuel Macron, que "ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil, sem sequer nos ouvir".

Os ataques menos contundentes a outros países indicam que a pressão internacional sobre o seu governo vem surtindo efeito. Bolsonaro tentou passar uma mensagem mais positiva no discurso deste ano, assegurando que está comprometido com o acordo União Europeia-Mercosul, ameaçado justamente pela percepção dos europeus de que o governo brasileiro nada faz para evitar a destruição da natureza.

Bolsonaro tentou passar uma mensagem mais positiva no discurso deste ano, assegurando que está comprometido com o acordo União Europeia-Mercosul, ameaçado justamente pela percepção dos europeus de que o governo brasileiro nada faz para evitar a destruição da natureza.

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