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Inaugurado no Rio primeiro memorial às vítimas da Covid-19 do Brasil

Monumento de quase 3 toneladas no Cemitério da Penitência vai comportar 4 mil nomes de vítimas da doença

Por Portal Eu, Rio! em 24/09/2020 às 14:57:45

Foto: Divulgação-Nina Lima

A direção do Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju, na Zona Portuária do Rio, inaugurou no último domingo (20/9) o primeiro memorial físico às vítimas da Covid-19 no Brasil. A escultura de quase três toneladas e 39 metros lineares em aço oxidado foi instalada em uma área verde de 1,3 mil m2 que foi revitalizada, na entrada do cemitério vertical do empreendimento. A obra é uma criação da arquiteta Crisa Santos, que desde março vem desenvolvendo um estudo no campo da neurociência, a partir de visitas a cemitérios do país e em busca de histórias das famílias atingidas pela pandemia. No memorial, batizado de In-finito, há espaço para quatro mil nomes de vítimas do novo coronavírus. Até o momento, 30 famílias já deixaram as suas impressões na obra.

A obra

O projeto arquitetônico foi doado pelo Coletivo Crisa Santos Arquitetos à direção do Cemitério da Penitência, que investiu R$ 300 mil para executar a obra. A concepção do memorial começou em junho e envolveu cerca de 50 profissionais de diversos estados e áreas de atuação. A peça passou por processo industrial e ganhou curvas e relevos, antes de desembarcar no dia 9 de setembro no Cemitério da Penitência, onde passou pelas etapas de fundação e paisagismo. A área da intervenção foi revitalizada para receber a escultura.

As famílias podem fazer parte do monumento deixando os nomes dos seus entes na obra. “Diferente da função de um memorial, esse foi concebido para homenagear todas as pessoas que não tiveram o direito de se despedir das pessoas que amam, através dos ritos fúnebres”, salienta Crisa Santos.

O administrador do Cemitério da Penitência, Alberto Brenner Júnior, acrescenta que o memorial é extensivo às famílias fluminenses, independente do local onde os entes foram sepultamentos: “Vamos acolher todas as pessoas que quiseram conhecer a obra e também fazer parte dela.”

A estética fluida da escultura é uma metáfora à eternidade. Erguida em módulos, a obra é composta por desenhos em espiral e linhas circulares que têm como significado a perenidade. A arquitetura inclui bancos e passagens que dão o sentido de pertencimento do mundo. “A idealização da obra a céu aberto foi para oferecer um local em que os visitantes possam meditar e se conectar com quem partiu. Isso ajuda a ressignificar a morte, especialmente na pandemia, que inviabilizou as despedidas”, explica a arquiteta, que possui especialização em neurociência pela PUC-RS e há dez anos estuda o comportamento de enlutados, em parceria com médicos, psicólogos e outros especialistas.

A fase de execução do projeto envolveu profissionais de diversos ramos, como engenheiros, projetistas, equipe especializada em calandragem para as dobras das chapas, serralheiros para a montagem das peças modulares, além de eletricistas, equipe de jardinagem e pedreiros. "Esses profissionais receberam treinamento e sabem o significado do luto e do ambiente cemiterial", destaca a arquiteta. Na visão da idealizadora da obra, o Memorial In-finito é uma semente no processo de conscientização de que o cemitério deve ser um lugar de vivências e continuidade das histórias e de memórias.

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