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Brasil perde Hésio Cordeiro, um dos pais do SUS

Ex-presidente do Inamps, sanitarista ajudou a consolidar assistência universal em Saúde na Constituição de 1988

Por Portal Eu, Rio! em 09/11/2020 às 19:00:07

Hésio Cordeiro presidiu os trabalhos da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, quando foram ratificados os princípios da reforma sanitária iniciada na década de 1970 Foto Acervo IMS

Uma das maiores referências na saúde pública brasileira, Hésio de Albuquerque Cordeiro faleceu no domingo, 8/11/2020, no Rio de Janeiro, devido a complicações do mal de Alzheimer, doença contra a qual lutava há alguns anos. Como presidente do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) entre 1985 e 1988, promoveu a reestruturação do órgão e a implantação dos Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde (SUDS), embrião do Sistema Único de Saúde (SUS) e uma das maiores conquistas democráticas do povo brasileiro.

Um dos fundadores do Instituto de Medicina Social (IMS) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Hésio Cordeiro era mineiro de Juiz de Fora, nascido em 1942. Foi reitor da UERJ de 1992 a 1996. Atuou ainda como presidente do Conselho Nacional de Educação, foi coordenador da área de Saúde da Fundação Cesgranrio e diretor de gestão da Agência Nacional de Saúde.

Hésio Cordeiro coordenou e presidiu os trabalhos da VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, quando foram ratificados os princípios da reforma sanitária iniciada na década de 1970: saúde como dever do Estado, universalização e integralidade na assistência à população, sistema único, descentralização, participação e controle dos serviços de saúde por seus usuários.

De acordo com o perfil publicado pelo IMS-UERJ, que fundou, a dissertação de mestrado e a tese de doutorado de Cordeiro se tornaram livros decisivos para a crítica do sistema de saúde excludente e segregador que havia no país. Juntamente com José Luis Fiori e Reinaldo Guimarães, todos do IMS-UERJ, escreveu "A Questão Democrática e a Saúde", talvez o documento mais importante da reforma sanitária e base dos debates no I Simpósio de Saúde na Câmara dos Deputados, em 1979.

Nos anos 1990, Hésio ainda lutou e liderou a revisão das diretrizes curriculares do ensino de Medicina, tentando influenciar a formação dos médicos em favor do SUS. Nos anos 2000, criou o primeiro Programa de Pós-graduação em Saúde da Família do país, na Universidade Estácio de Sá, no Rio de janeiro.

O perfil do IMS destaca no médico e sanitarista uma visão impressionante do país e da saúde pública. Sempre de acordo com o documento, Cordeiro liderava de forma discreta e brilhante, ouvindo a todos e conseguindo costurar ideias díspares numa síntese superior. "Sem vaidades, generoso, discreto, sorridente, foi um dos maiores brasileiros dos últimos tempos, que lutou incansavelmente pelo direito de todos à saúde. Deixa imensas saudades, por sua doçura e pelo carinho com que tratava a todos. Foi uma pessoa especial, que soube como poucos "ensinar". Todos no IMS-UERJ temos um pouco dele," define o perfil.

Fonte: Instituto Medicina Social da UERJ

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