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O último tango de Maradona

O tamanho do craque argentino morto recentemente

Por André Barroso em 30/11/2020 às 10:32:01

Charge de Maradona. Por André Barroso

Qual o tamanho do ídolo? É uma projeção individual ou coletiva? Alcançar a imortalidade na cultura popular seria a dimensão deste ídolo? O que dizer de Maradona? Um ídolo que se eternizou. Um furacão enquanto vivo, ou melhor, para os italianos do Napoli, um Etna ativo. Um dia antes da sua partida, o apresentador Fernando Vanucci tinha nos deixado. A grandeza de sua importância foi dada por homenagens na TV e na imprensa. No dia seguinte, foi a vez de Diego. E estamos falando sobre ele até agora, quase uma semana depois. E provavelmente ainda mais um tempinho, já que nem sua morte foi simples. As acusações de negligência na prestação de socorro ao ídolo estão sendo levantadas como homicídio culposo.

O Futebol perdeu Maradona. Nós perdemos Maradona. A dimensão vai ser medida como? Como toda imprensa destacou? Como o lide "Deus está morto", do jornal L'Équipe, da França. Mas talvez pela frase escrita na Argentina, onde o técnico Guardiola tinha lembrado, estava escrita: "Não importa o que você fez na sua vida, Diego; importa o que você fez com as nossas." Quando aparecem homenagens anônimas eternizadas em muros é que elas estão calcificadas nos corações das pessoas. Duas imagens carimbam essa teoria. Uma, de dois torcedores abraçados chorando, um do River e outro do Boca, mostrando como Maradona era gigante, maior do que qualquer guerra. Outra, a Itália inteira de luto, mesmo sabendo que a rivalidade entre Norte e Sul do país é histórica. Certa vez o Etna entrou em erupção, ameaçando a Sicília e um jornal em Milão escreveu: "Forza, Etna". No entanto, neste momento de luto, Maradona uniu o país.

Em outro momento, Maradona falou que se fosse encarnar, gostaria de voltar como Maradona, e que se arrependia de ter tido poucos momentos com a família. O número de haters também era grande. Não conseguimos separar o ídolo do ser humano. Isso faz com que muitas mulheres se recusem a glorificar sua história, Como o caso de Paula Dapena que se recusou a fazer um minuto de silêncio em Napoli, devido aos casos de abusos contra elas, assim como todos os direitistas invocam o moralismo, dizendo que sua história era manchada por causa das drogas, para justificar seu ódio contra suas preferencias políticas, afinal, era fã confesso de Fidel Castro. Estamos mudando o mundo, e existirá o ideal de homem e mito no futuro. Estes homens do passado estão desaparecendo, mas seu legado ficará. Ainda falamos de Leonardo da Vinci quase 500 anos depois e falaremos de Maradona daqui a 100 anos.

Vamos exaltar, sim, aquele que foi um gênio em campo. Exemplo de garra e que teve o mundo em suas mãos, mesmo sucumbindo diante dele por seus próprios vícios. Era uma pessoa dependente, um homem do século passado, com excessos de machismo, mas também tinha o lado humanitário, que ajudou crianças em estado de penúria, alegrou uma nação e despertou paixões. Uma face não anula a outra. Mas é hora do luto, da homenagem ao craque e respeito à família. Um jogador de futebol que pode tocar com o Queen, não é qualquer um.

Maradona sempre demonstrou com muita ênfase suas alegrias e tristezas. Chorava copiosamente com homenagens ou quando o Boca perdia. A despedida do jogador conseguiu acabar com o maior lockdown da história, com aglomeração desenfreada. E para encerrar, sendo o único que tem uma igreja que o reverencia no mundo, deixo a oração Maradoniana para dias melhores:

"Eu acredito em Diego

Futebolista Todo Poderoso,

Criador de magia e paixão.

Eu acredito em penugem, nosso D10s, nosso Senhor.

Que foi concebido por obra e graça de Tota e Don Diego.

Nascido em Villa Fiorito.

Ele sofreu sob o poder de Havelange.

Foi crucificado, morto e mal tratado.

Suspenso das quadras.

Cortaram-lhe as pernas.

Mas ele voltou e ressuscitou seu feitiço.

Estará dentro de nossos corações.

para sempre e na eternidade.

Eu acredito em espírito de futebol.

A Santa Igreja Maradoniana,

O golo para os ingleses,

A canhota mágica,

A eterna gambetta diablada,

E em um Diego eterno.

Diego."

Não seja uma cabeça de garrafa térmica e não deixe a tartaruga escapar. Se fosse eu, mudaria o nome do Argentinos Juniors para Maradona Futebol Clube.

Por André Barroso
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