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Pesquisadores dizem que não tiveram acesso ao plano de imunização do governo

36 dos profissionais citados pelo Executivo cobraram medidas mais abrangentes de vacinação

Por Portal Eu, Rio! em 13/12/2020 às 15:49:34

Cientistas disseram que não tiveram acesso ao plano de imunização governamental. Foto: Agência Brasil

O plano de imunização contra a covid-19 apresentado pelo governo federal traz o nome de quase 150 pesquisadores que teriam colaborado com a elaboração do programa. Porém, 36 dos profissionais citados pelo Executivo revelaram não ter tido acesso ao documento e cobraram medidas mais abrangentes de vacinação, como a ampliação dos grupos prioritários que terão direito à imunização gratuita e a aquisição de outras vacinas pelo governo federal.

Nos causou surpresa e estranheza que o documento no qual constam os nomes dos pesquisadores deste grupo técnico não nos foi apresentado anteriormente e não obteve nossa anuência. Importante destacar que o grupo técnico havia solicitado reunião e manifestado preocupação pela retirada de grupos prioritários e pela não inclusão de todas as vacinas disponíveis que se mostrarem seguras e eficazes", afirmaram os pesquisadores, em nota técnica publicada neste sábado (12/12).

Os pesquisadores pediram "que todas populações vulneráveis sejam incluídas na prioridade de vacinação, como indígenas, quilombolas, populações ribeirinhas, privados de liberdade e pessoas com deficiência" e "também as outras populações e grupos populacionais já incluídos e apresentados no plano inicial do governo" sejam incluídas no plano. E afirmaram que o governo também deve considerar estender a vacinação gratuita contra a covid-19 aos trabalhadores da educação e aos trabalhadores essenciais, que não pararam de trabalhar na pandemia. O plano do governo, contudo, não contempla as pessoas privadas de liberdade, que haviam sido consideradas anteriormente. Quilombolas, populações ribeirinhas e pessoas com deficiência também ficaram de fora. A ideia do Executivo é vacinar os idosos, os trabalhadores de saúde, as pessoas com comorbidades, os professores do nível básico ao superior, os profissionais das forças de segurança e salvamento e os funcionários do sistema prisional. O plano divide esse pessoal em quatro grupos. Contudo, não estabelece uma data para o início da vacinação.

Vacinas

O plano do governo prevê a compra das vacina de Oxford, da Pfizer e do Covax Facility, o consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e promete a "aquisição de toda e qualquer vacina que adquira registro de forma emergencial ou regular que apresente eficácia e segurança para a população brasileira". Por isso, cita outras 13 vacinas como "candidatas" à compra. Entre elas está a CoronaVac, da chinesa Sinovac, que virou alvo de disputa entre o presidente Jair Bolsonaro e o governo de São Paulo, João Doria.

Os 36 pesquisadoras que se queixaram do plano do governo, contudo, solicitaram "esforços do Ministério da Saúde para que sejam imediatamente abertas negociações para aquisição de outras vacinas que atendam aos requisitos de eficácia, segurança e qualidade, inclusive com laboratórios que reúnam condições de produção e oferta de doses de vacina e com outras empresas também com oferta de vacinas seguras e eficazes".

Segundo os profissionais, "um atraso na campanha de vacinação significa vidas perdidas e precisamos nesse momento utilizar a ciência para a tomada de decisão que norteará o que mais importa, a preservação de vidas de milhares de brasileiros e brasileiras". Por isso, eles destacaram que "essa é a mais importante tarefa de nosso tempo e todos os esforços devem ser envidados para a sua realização oportuna, segura e efetiva".

Redes Sociais

O não reconhecimento do plano de imunização do governo federal também foi denunciado nas redes sociais pela professora da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), enfermeira e epidemiologista, Ethel Maciel.

"Nós, pesquisadores que estamos assessorando o governo no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19, acabamos de saber pela imprensa que o governo enviou um plano, no qual constam nossos nomes e nós não vimos o documento", escreveu Ethel no Twitter. Ela destacou: "É algo que nos meus 25 anos de pesquisadora nunca tinha vivido!"

Ouça o que fala o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio (SindMed), Alexandre Teles, no Podcast do Portal Eu, Rio!:

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