Apesar de o Rio de Janeiro estar submetido a uma intervenção federal desde fevereiro, a região metropolitana fluminense ficou mais violenta este ano. É o que revelam estatísticas do laboratório de dados sobre violência armada Fogo Cruzado. Segundo as informações, de 1º de janeiro a 15 de junho deste ano em relação ao mesmo período de 2017, houve quase o dobro de tiroteios ou disparos de arma de fogo no Grande Rio.
Os dados revelam que até a primeira quinzena de junho de 2018, foram registrados 4.237 tiroteios ou disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio contra 2.309 no mesmo período do ano passado, um aumento de 83%.
Se o número de tiroteios aumentou consideravelmente, na quantidade de mortos ou feridos houve uma diferença não tão considerável. O número de mortos em 2018 foi maior, o de feridos, menor. De janeiro a maio deste ano, foram contabilizados pelo Fogo Cruzado 727 mortos e 627 feridos, Em 2017, no mesmo período, foram 672 mortos e 733 feridos.
As estatísticas indicam ainda uma média diária de 25 tiroteios ou disparos de arma de fogo em 2018. No ano passado, a proporção foi de 14 confrontos por dia.
Houve também este ano um aumento na participação de forças de segurança nos confrontos. Em 2018, foram 667. No ano passado, 390. Essa estatística engloba situações em que são percebidas a presença de agentes de segurança durante o tiroteio/disparo como, por exemplo, operação, assalto a agentes, etc)
Praça Seca, a área mais conflagrada. Rocinha, a que faz mais vítimas
O Fogo Cruzado elaborou estatísticas dos quatro meses antes da intervenção federal e os quatro meses subsequentes (de 16 de outubro a 15 de junho) que mostram as áreas mais conflagradas da capital.
De acordo com esses números, a Praça Seca, na Zona Oeste,
região que entrenta há tempos uma guerra entre milicianos e traficantes.
Ao todo, foram 203 confrontos no período.
Em segundo lugar,, aparece a Cidade de Deus, também na Zona Oeste, que vem registrando muitos confrontos entre traficantes e policiais. Segundo a plataforma de dados, foram 191 registros de outubro a junho.
A Favela da Rocinha, na Zona Sul, , vem em terceiro lugar. Desde o ano passado, a comunidade vive uma guerra entre facções criminosas pelo controle do tráfico e registra também muitos confrontos entre PMs e bandidos. Foram computados nos últimos sete meses, 146 casos de tiroteios e disparos de arma de fogo na região.
Na quarta colocação, o Fogo Cruzado apontou o Complexo do Alemão na Zona Norte. Ao todo, foram 132 casos.
A Rocinha, no entanto, lidera quando se soma o número de vítimas. Foram 39 mortos e 37 feridos no período.
Ao todo, nos quatro meses após a intervenção federal, houve na Região Metropolitana do Rio, 23 episódios onde ocorreram chacinas (três mortos ou mais). O maior deles aconteceu no dia 18 de maio quando oito suspeitos morreram em operação policial no Complexo do Lins, na Zona Norte.
Segundo o Fogo Cruzado, em 2018. 65 pessoas foram atingidas por balas perdidas no Grande Rio, 12 morreram. Quinze das vítimas eram crianças e três morreram.
Maio de 2018: mês mais violento
De acordo com a plataforma de dados, maio deste ano foi o mês mais violento desde a criação do Fogo Cruzado, em julho de 2016.
Neste período, foram registrados 890 tiroteios ou disparos de arma de fogo na região metropolitana do Rio.
Antes, o recorde pertencia a março de 2018, com 782 casos.
O Gabinete de Intervenção considera que o balanço dos primeiros quatro meses de medida é positivo. "Os últimos dados do ISP indicam uma queda real de alguns dos principais índices de criminalidade, mostrando que as medidas vêm surtindo efeito. Modalidades de crimeque impactam diretamente na sensação de segurança da população - caso do roubo de veículo, roubo de carga e roubos de rua - apresentaram redução em abril deste ano em relação ao mesmo período de 2017 (queda de 13,6% no roubo de cargas, redução de 12,6% no roubo de rua e baixa de 4,8% no roubo de veículos) e diminuição da letalidade violenta de março a maio (16,54%). A morte de policiais civis e militares em serviço foi outro indicador que teve queda", informa a nota. Estatísticas de maio e junho ainda não foram divulgadas pelo ISP.