Daniel Dhonata usa Muay Thai para ajudar crianças carentes em Piedade

Daniel Dhonata, atleta de Muay Thai de 21 anos, fez de uma tragédia pessoal um motivo para ajudar outras pessoas a viver. O jovem nascido em Maricá e criado no bairro carioca da Piedade não suportou a morte de seu avô, e interrompeu a carreira de lutador por conta da depressão. Mas tudo mudou depois que um evento em sua vida o estimulou a criar o projeto Mais Forte que o Mundo, em que ensina crianças e adultos carentes para vencer na vida.

O atleta mora na comunidade de Água Santa, no Morro do 18. No currículo, Daniel registra 30 lutas e uma carreira promissora até ser abalado por uma tragédia familiar. Criado pela mãe e pelo avô, sem a presença do pai e convivendo nas ruas com pessoas desassistidas, após a morte do avô ele entrou em depressão e largou a carreira. Até que um fato o fez mudar de ideia:

“Eu decidi largar a luta e entrei em um projeto numa casa de reabilitação. Lá eu dava aula e participava de algumas atividades do espaço. E foi lá onde eu conheci muitas histórias e aprendi o que realmente é uma superação”, revela Daniel Dhonata.

Foi o suficiente para oferecer ajuda a outros que passam pelo mesmo problema. O projeto vai selecionar 100 pessoas entre crianças e adultos. As crianças de até 17 anos e em situação vulnerável serão atendidas gratuitamente. Outros adultos vão contribuir com R$ 30 para a manutenção do espaço. As aulas começam em 9 de janeiro.

“Minha satisfação é ver depois que uma criança de rua conseguiu uma colocação, um emprego. Isso é gratificante”, disse.

Muay Thai e a depressão

O boxe tailandês, ou Muay Thai, é uma modalidade de arte marcial desenvolvida na Tailândia e que utiliza as oito armas: Mãos, pés, cotovelos e joelhos. Trata-se do esporte nacional do país. O próprio nome da luta significa “arte marcial tailandesa". Daniel explica que a arte é uma disciplina física e mental que consegue tirar as pessoas do estado depressivo.

“A prática emagrece, favorece a autoestima e faz a pessoa se curar da depressão”, explica o atleta.

Além da movimentada prática do Muay Thai, o projeto “Mais Forte que o Mundo” inclui outras modalidades de defesa pessoal, como o Jiu-jitsu.

O professor de defesa pessoal não conta com ajuda governamental ou de algum político. Ele obtém recursos para a sua iniciativa através das aulas que ministra e da contribuição de R$ 30 de alguns adultos que estarão no projeto. Ele já conta com 60 inscritos.

“É um projeto gratuito para crianças e para a terceira idade. Vou acolher e orientar na recuperação de pessoas com dependência química. Ficarei feliz quando vê-los livres das drogas e encaminhados na vida”, concluiu, acrescentando que o projeto funciona na Rua Clarimundo de Melo 187, 3° andar.