O Presidente da República, Michel Temer, emitiu, nesta terça-feira (29), um decreto de uso da garantia da lei e da ordem em Roraima. A decisão tomada pelo presidente foi anunciada em um pronunciamento no Palácio do Planalto, após dez dias do ataque realizado por brasileiros ao acampamento de venezuelanos em Pacaraima (RR). A medida terá duração inicial de duas semanas e visa a reforçar a segurança e trazer a tranquilidade aos cidadãos do estado.
Michel Temer, em seu discurso, relatou que decretou o emprego das Forças Armadas no estado de Roraima, para oferecer segurança aos cidadãos brasileiros e aos imigrantes venezuelanos que fogem de seu país em busca de refúgio no Brasil. Ainda, segundo o presidente, o Brasil fará "todos os esforços em todos os foros internacionais" para melhorar a situação da Venezuela.
A Governadora de Roraima, Suely Campos, afirmou que a decisão tomada reforça a necessidade da segurança na fronteira, que é responsabilidade da União, mas é insuficiente para amenizar os impactos que o intenso fluxo migratório tem provocado em Roraima, nas áreas de segurança, saúde e educação."
Ministros da Defesa e Segurança Institucional falam sobre as medidas tomadas
Os ministros Sérgio Etchegoyen e Joaquim Silva e Luna anunciaram que a força militar irá patrulhar as rodovias e as fronteiras leste e oeste onde ficam as cidades de Boa Vista e Pacaraima.
A área delimitada é de 150 quilômetros e será monitorada pela 1ª Brigada de Infantaria de Selva, que se encontra no município de Bela Vista.
Segundo o Ministro Etchegoyen (Segurança Institucional), o governo não pretende realizar o fechamento da fronteira para os venezuelanos e nem intervir federalmente em Roraima.
Os refugiados venezuelanos já vêm sendo acolhidos pelas tropas militares que oferecem água e mantimentos.
Crise na Venezuela vem causando onda migratória para o Brasil
A crise político-econômica na Venezuela é gerada pela queda no preço do petróleo no mercado internacional, que é 96% da renda da economia do país. As medidas de austeridade tomadas pelo Presidente Nicolás Maduro na economia desde 2013 para o controle da inflação provocaram uma recessão econômica que levou à escassez de alimentos e de produtos de necessidade básica.
O controle de preços, que evitaria a inflação e a alta de impostos, desestimulou investimentos da iniciativa privada e, consequentemente, o sumiço de produtos das prateleiras. Outro grande problema é que a Venezuela depende da importação de produtos básicos de outros países para se manter.
Sem recursos financeiros, o governo acaba não tendo condições de manter a qualidade de vida da população, o que gera revolta de oposicionistas e cidadãos na Venezuela. A situação caótica vem provocando violência e uma forte onda migratória de venezuelanos miseráveis para o estado de Roraima no Brasil e para os países vizinhos da América Latina.