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Guerra iminente entre milicianos Ecko e Tandera assusta moradores da Zona Oeste

Áudios de moradores e trabalhadores de Santa Cruz revelam temor de confronto entre antigos aliados, de bandos que motivaram cem mandados de prisão

Por Portal Eu, Rio! em 06/01/2021 às 09:57:49

Ecko e Tandera são procurados pela Polícia. Foto: Divulgação.

Moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro temem por um novo conflito entre criminosos. Desta vez, a expectativa é pela disputa de território envolvendo os ex-aliados Wellington da Silva Braga , o Ecko, e Danilo Dias Lima, o Tandera, ambos procurados pela polícia.

Ecko é considerado o líder da milícia denominada Liga da Justiça, com atuação em bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Contra ele existe um mandado de prisão pelo crime de homicídio. Wellington da Silva Braga, o Ecko, de 34 anos, é um dos criminosos mais procurados do Estado do Rio, na mira da polícia há mais de uma década. Ele começou a atuar na Zona Oeste do Rio e hoje já explora moradores e comerciantes na Baixada Fluminense. Ecko tem a segunda maior recompensa oferecida pelo Disque-Denúncia: R$ 10 mil. Controla com mão de ferro a maior milícia do Rio e mantém uma longa lista de mandados contra si em aberto, incluindo homicídio. É acusado de ter emprestado armas e homens para a guerra contra o tráfico na Praça Seca, na Zona Oeste, bairro que há anos sofre com tiroteios quase que diários.

Danilo Dias Lima, o Tandera, de 36 anos, é apontado pela polícia como um dos homens de confiança de Wellington da Silva Braga, o Ecko - chefe da maior milícia do Rio e o bandido hoje mais procurado pela polícia. A quadrilha é um dos alvos de uma força-tarefa da Polícia Civil criada para combater grupos paramilitares que agem na Baixada Fluminense.

De acordo com as investigações, o grupo de Tandera pratica a exploração de comerciantes por meio da cobrança da "taxa de segurança", monopólio da distribuição de cigarros contrabandeados, exploração da distribuição clandestina de TV a cabo e comercialização de botijões de gás.

Na mais recente, em 20 de dezembro passado, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), e a Polícia Civil, por meio da 50ª DP, realizaram a Operação Heracles (grafia original em grego) Hércules, para desarticular organização criminosa de milicianos que atua na Baixada Fluminense e na Zona Oeste do Rio. O objetivo é cumprir 97 mandados de prisão e 296 de busca e apreensão. A operação é realizada com apoio da Força Nacional e do Gabinete de Intervenção Federal. Na mitologia greco-romana, uma das tarefas de Hércules, um semi-deus, foi matar a Hidra, ser de nove cabeças. O nome faz referência às ramificações e o poder de fogo da miícia.

De acordo com a denúncia, a organização criminosa é a mais afamada milícia conhecida no Estado, que, sob liderança do denunciado Wellington da Silva Braga, o Ecko, prossegue conquistando territórios e expandindo seu domínio pelo Estado. Abaixo dele estão as chefias intermediárias, responsáveis pelo gerenciamento em comunidades da Baixada e da Zona Oeste, como a do Aço, do Rodo, de Antares de Três Pontes, em áreas de Paciência, entre outras. Também estão nesse escalão ajudantes de ordem direta de Ecko, como Vagner da Silva e Aguimar Barbosa Gomes. Os outros denunciados atuam majoritariamente na função de braço armado do bando, praticando pessoalmente as extorsões a comerciantes e também atos de violência e ameaças contra desafetos e vítimas do esquema.

Ainda segundo o MPRJ, a referida milícia opera com extorsões periódicas de comerciantes e moradores, usualmente semanais - sendo o mais comum a extorsão mediante a cobrança de "taxas de segurança" dos comerciantes, vendedores ambulantes e moradores. Eles são obrigados a pagar para exercerem suas atividades, uma vez que, em havendo negativa, sofrem consequências diversas, que incluem a prática de violência física e homicídio. Com essas ações, controlam bairros inteiros. Além da denúncia por organização criminosa, o MPRJ requisitou a prisão preventiva de todos os denunciados.

Tandera, por muito tempo o braço-direito de Ecko, foi um dos alvos principais de uma operação deflagrada em julho de 2020. A operação "Fiegling" visava cumprir sete mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão contra integrantes de uma milícia de Nova Iguaçu. Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Criminal de Nova Iguaçu. De acordo com a denúncia, Danilo Dias Lima, vulgo "Tandera", Lucas Leite dos Santos, vulgo "Pará", José Magnus Martins Santa Rita, Michel de Carvalho Pereira, vulgo "Barba", Júlio Cezar Nascimento dos Santos, Luiz Ricardo de Andrade Domingues, vulgo "Livinho", e Daniel de Abreu Guarani, vulgo "Madruga", fazem parte de uma milícia privada que atua nos bairros Cabuçu, Km 32 e Grão Pará, dentre outros, na localidade conhecida como "Estrada de Madureira".

O grupo criminoso se vale de práticas como homicídios, extorsões, receptação, adulteração de sinal de veículo automotor e contrabando para obter vantagens patrimoniais e de domínio do território na região, conectando-se, ainda, a outras organizações criminosas atuantes em Santa Cruz, Campo Grande e Jacarepaguá. "Tandera" é apontado como o líder do grupo, sendo considerado o braço direito do miliciano "Ecko, líder da chamada "milícia de Santa Cruz", organização criminosa atuante na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.

No curso das investigações, os denunciados "Pará", "Barba" e José Magnus foram presos em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, sendo que "Barba" encontra-se atualmente preso na penitenciária Bandeira Stampa. As interceptações telefônicas que embasaram a denúncia também levaram às prisões de Gabriel de Abreu Guarani, Fagner do Vale Cherem e Romulo Moreira Feu de Souza, integrantes da milícia que domina a comunidade do "Terreirão", no Recreio, além de Naldo da Carobinha, líder da milícia na comunidade da Carobinha, em Campo Grande.

No pedido de prisão encaminhado ao Juízo, ressalta o GAECO/MPRJ que a custódia preventiva tem por objetivo prevenir ameaças à tranquilidade da colheita de provas, uma vez que, soltos, os denunciados poderão influenciar testemunhas.

No Portal dos Procurados, Tandera consta como gerente da milícia de Ecko, com atuação na Baixada. Ele seria o encarregado de expandir os domínios da quadrilha. Contra Tandera há dois mandados de prisão em aberto. O Disque-Denúncia (21 2253-1177) oferece uma recompensa de R$ 1 mil por pistas que levem à prisão dele.

- Ele fez a aliança com o Ecko para dominar os territórios da Baixada Fluminense - disse o delegado William Pena Júnior, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE), unidade que investiga a atuação de grupos paramilitares.

O acusado traz tatuado no peito o Olho de Tandera, símbolo dos Thundercats, seriado de animação que fez sucesso no Brasil em meados dos anos 80. Além dele, de acordo com informações obtidas pela polícia, seus principais aliados fizeram o mesmo desenho na pele.

Tandera é apontado como o real dono de duas das cinco mansões usadas pela milícia para lavar dinheiro do crime. Os imóveis, localizados num condomínio de classe média em Seropédica, na Baixada, valeriam cerca de R$ 1,1 milhão cada. A estimativa da Civil é que ele arrecade, por mês, cerca de R$ 4 milhões com a venda de botijão gás, terraplanagem, segurança ilegal, além de exploração de sinal de TV a cabo clandestina e comercialização de cigarros contrabandeados.

Ouça o diálogo entre moradores de Santa Cruz no podcast do Portal Eu, Rio!:

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