Estudo publicado no final de dezembro pelo European Respiratory Journal sobre o teste brasileiro da substância nitazoxanida, o vermífugo Annita, em pacientes com covid-19 leve, indica que a substância reduziu 55% da carga viral após cinco dias de terapia.
Após a publicação, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) lançou edital para um projeto de investigação de novas substâncias contra o novo coronavírus. O projeto é coordenado por José Maria Barbosa Filho. Ele explica que o estudo vai utilizar ferramentas de bioinformática para “triagem virtual e proposição de derivados dos medicamentos a serem sintetizados, criando novas moléculas com atividade antiviral contra o SARS-CoV-2”
O teste do Annita foi aplicado em 392 pacientes adultos selecionados entre 1.575 e apresentando sintomas de Covid-19 (tosse seca, febre e / ou fadiga) por três dias. Desses, 194 receberam 500 mg de nitazoxanida ou placebo a cada 8 horas, por 5 dias. O resultado primário foi o fim dos sintomas.
Os técnicos concluíram que a terapia com nitazoxanida foi segura e reduziu a carga viral em mais da metade dos pacientes em estágio inicial da doença.
“A nitazoxanida foi segura, reduziu significativamente a carga viral e aumentou a proporção de pacientes com teste negativo para SARS-CoV-2 após 5 dias de terapia em comparação com o placebo. A nitazoxanida não evitou a hospitalização nem alterou o hemograma, os níveis de PCR ou os biomarcadores séricos da inflamação. Além disso, a nitazoxanida é barata, amplamente disponível e, até o momento, nenhuma outra terapia recomendada demonstrou oferecer qualquer benefício nessa população”, diz o estudo.
O trabalho conclui também que o uso de antivirais parece ser mais eficaz no estágio inicial da infecção, até três dias do início do primeiro sintoma. O tempo médio de início do tratamento do estudo foi de 5 (4-5) dias após o início dos sintomas.
A corrida por uma fórmula capaz de evitar a propagação do novo coronavírus mobiliza cientistas e políticos. Os pesquisadores nacionais também estão incluídos. A notícia da publicação do estudo brasileiro foi bem recebida pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
“ O Brasil possui excelentes cientistas e pesquisadores que produzem conhecimento científico de ponta e esse estudo com a nitazoxanida mostra que podemos ajudar não só o país, mas também o planeta. Finalizamos o estudo e deixamos essa contribuição publicada para que novos protocolos de tratamento preventivo ou prescrição médica possam ser adotados”, declarou o ministro Marcos Pontes.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atualmente autoriza o uso do vermífugo Annita apenas para o tratamento de gastroenterites virais provocadas por rotavírus ou norovírus, helmintíases, amebíase, giardíase, criptosporidíase, blastocistose, balantidíase e isosporíase.
Fonte: European Respiratory Journal