Cenário histórico e berço da cultura cafeeira do Brasil, a região ressurge como destino turístico de vanguarda. Você talvez já tenha ouvido falar das fazendas históricas e do declínio do café no século XIX. O Vale do Café, no estado do Rio de Janeiro, é, sem dúvida, um dos maiores expoentes quando o assunto é patrimônio cultural – de palácios coloniais a pitorescos monumentos. A região mantém intacto o legado de um mix cultural único.
Dos europeus, a presença na arquitetura das imponentes fachadas e nas folias. Dos puris (grupo indígena considerado extinto e que também eram chamados coroados), a gastronomia, a cerâmica e o artesanato. Dos africanos, a herança no ritmo do jongo (dança de roda de origem africana) e a resiliência dos celebrados Manoel Congo e Mariana Crioula. São tantos personagens marcantes que é impossível eleger um representante. Da fascinante Eufrásia Teixeira Leite, natural do município de Vassouras e primeira mulher investidora da Bolsa de Valores do mundo, a Joaquim Osório Duque Estrada, nascido na cidade de Paty do Alferes e autor do hino nacional brasileiro. A região é rica em histórias e causos surpreendentes.
Um dos mais emblemáticos talvez seja a "Flor de Carne" que surge todos os anos no período de finados no túmulo do pároco Monsenhor Rios, no Cemitério de Nossa Senhora de Conceição, em Vassouras, considerado um dos mais bonitos do país. Atribuída misteriosamente aos feitos humanitários de Rios, que dedicou parte de sua vida a garantir sepultamento digno aos escravizados, a "flor de carne" desabrocha em apenas dois lugares no mundo: no sudeste asiático e no coração do Vale do Café.
Além do inegável e imenso legado cultural, a região surge como um verdadeiro espaço de imersão na natureza e no turismo de experiências. A começar pelas fazendas que retomaram a produção de cafés especiais em pequena e exclusiva escala, como é o caso da Fazenda Alliança Agroecológica, da Fazenda União, da Fazenda das Palmas e da Fazenda Florença, que recentemente ganhou um prêmio da American Coffee Association.
Outras fazendas emblemáticas perto de Vassouras são a Cachoeira Grande, aberta para visitação, e a São Luiz da Boa Sorte, que oferece hospedagem e visita ao Museu do Café. A região, que viveu o declínio ambiental e social de décadas de monocultura, aprendeu com seus erros e traz novas oportunidades de negócios aliadas a experiências gastronômicas autênticas e inusitadas. Uma delas é o chá de esmeraldas servido no Jardim Eco Cult Uaná-Etê, que em Tupi significa "Multidões de vagalumes". Criado pela harpista Cristina Braga em homenagem ao bandeirante e "Caçador de Esmeraldas", Fernão Dias Paes Leme, o chá revigorante vem servido com bougainvilles coloridas e uma pequena esmeralda bruta, que fica como lembrança e amuleto para o visitante. Charmoso, inovador e inusitado, o Vale do Café está longe de ser um destino turístico tradicional, mas é repleto de histórias e imperdível.
"Estamos habituados a imaginar o Vale do Café como um local parado no tempo, mas a verdade é que ele é um destino de vanguarda. Em tempos de pandemia, os amantes da natureza e da arte, se refugiam aqui em busca de ar puro, privacidade e novas experiências", revela Luciana De Lamare, diretora executiva do Vale do Café Convention & Visitors Bureau. Atento às tendências do turismo internacional, o Bureau, como é carinhosamente chamado, está lançando um site completo, www.valedocafeturismo.com , sobre a região e as experiências surpreendentes que ela oferece, nesta segunda-feira (11), após um período desafiador. Algumas das tendências são as hospedagens em glampings (combinação de glamour + camping) e a imersão em agroflorestas, espalhadas por todo o vale.
Se o glamping soa muito ousado, uma noite no recém-inaugurado Costa del Mar Boutique Hotel, com vista para o deslumbrante lago Javary, em Miguel Pereira, pode ser o início de uma experiência gastronômica completa. A poucos passos dali, fazer uma parada no temático Le Vélo Montagne, bistrô inspirado nos inúmeros pedais da região, é estratégico. Além dos passeios de bike, neste que é considerado o 3º melhor clima do mundo, as cavalgadas, arco e flecha, o voo livre e o rapel fazem parte do rol de práticas esportivas da região.
Passeio de bike faz parte do rol de práticas esportivas da região. Foto: Divulgação
Considerada o berço do cavalo manga-larga marchador, Paty do Alferes tem em sua principal vocação o turismo rural. Uma das visitas imperdíveis é no SEAL Hortifruti, onde as estufas de legumes refletem o capricho e a tecnologia das novas gerações de agricultores, que perceberam como a experiência de colher seu próprio alimento pode render excelentes frutos. A inclusão da visita aos produtores rurais nos roteiros turísticos aproxima o público final do local de origem dos alimentos e agrada principalmente as crianças.
Destino "kids friendly" por excelência, o Vale do Café conta com muitas opções de hotéis fazenda e pousadas. Além do contato com animais, pescaria, aulas de equitação, visita a hortas orgânicas e passeios em trilhas, algumas fazendas históricas reservam atrações surpreendentes, como é o caso da praia artificial da Fazenda São Luiz da Boa Sorte e do golfe de 9 buracos da Fazenda das Palmas. Mas se o objetivo for uma imersão cultural, a ceramista Tiza Vidal, da Barro & Arte, oferece uma experiência ancestral e profunda de autodescoberta até para os mais conservadores.
Místico, autêntico e verdadeiro, o Vale do Café está mais atual do que nunca. Neste momento em que nossas fronteiras se fecharam, a região surge como guardiã do patrimônio cultural e natural preservado de um Brasil que não parou no tempo, mas que soube cuidar de um legado único a ser redescoberto pelas novas gerações. Uma oportunidade de reconciliação e reencontro com a nossa própria cultura, diversão e lazer para todas as idades e os mais diferentes gostos.
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