A pandemia da covid-19 tem como reflexo o aumento dos problemas de saúde mental. Segundo Ana Paula Chaves, psicóloga, professora pesquisadora e coordenadora do curso de Neuroaprendizagem da Unyleya, o número de pacientes com sintomas de doenças mentais aumentou significativamente durante o período e o tema ganha mais atenção no primeiro mês de 2021 por conta da campanha "Janeiro Branco" cujo lema "Quem cuida da mente, cuida da vida".
O Brasil é um dos recordistas mundiais em relação à depressão, ansiedade e a números absolutos de suicídios. Uma pesquisa realizada no final de 2020 pelo Ministério da Saúde detectou ansiedade em 86,5% dos indivíduos pesquisados, transtorno de estresse pós-traumático em 45,5% e depressão grave em 16% dos participantes do estudo.
"O Janeiro Branco só vem reforçar a importância de cuidar da saúde mental, mais ainda em tempos de pandemia, nos quais houve um aumento considerável de transtornos mentais nas pessoas e, em contrapartida, a precarização dos serviços de saúde mental", declara Ana Paula Chaves.
Em 21 anos de atividade clínica, Ana Paula Chaves testemunhou a redução do preconceito contra a ansiedade e a depressão, antes consideradas banais. O número de pacientes masculinos, por exemplo, em busca da cura de depressão tem subido ao longo dos anos.
"Anos atrás as pessoas viam o tratamento da Saúde Mental como uma coisa muito pejorativa. As pessoas acabavam acreditando que só quem buscava esse tipo de atendimento de ajuda eram pessoas com transtornos severos enfim e felizmente isso se desmistificou e a gente tem atendido o número cada vez maior não só de homens não só de mulheres mais jovens também é crianças adolescentes".
A pandemia da covid-19 trouxe isolamento social, o sentimento de medo e incerteza devido à propagação do novo coronavírus, lutos por entes queridos, e outras pressões que impulsionam as pessoas contra os tabus:
"Nem tudo são flores na vida de ninguém e nem deve ser. Frustrações, medos, tristezas, angústias, e sentimentos similares, acabam fazendo parta da vida de qualquer ser humano, mas é preciso saber o momento de pedir ajuda e, muitas vezes, ajuda profissional, recorrendo às terapias, medicações, entre outros tratamentos. Precisamos conscientizar a população para que haja mais empatia e menos preconceito com assuntos relacionados à saúde mental", explica Ana Paula.
Estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) envolvendo 12.000 pessoas de 33 países da América Latina e Caribe (30,8% de brasileiros), revelou que 35% dos entrevistados relataram aumento na ingestão de bebidas em excesso. A saúde mental fica comprometida. Estudos também indicam a ampliação das violências domésticas, do abuso infantil e do adoecimento emocional por parte de jovens e de idosos submetidos ao isolamento social.
A campanha "janeiro branco" foi criada em 2014 por um grupo de psicólogos da cidade de Uberlândia (MG). O motivo foi aproveitar o primeiro mês do ano, época em que as pessoas estão propensas a pensarem mais sobre as próprias vidas.
No podcast Eu, Rio!, a psicóloga e professora da Unyleya, Ana Paula Chaves fala mais sobre a saúde mental em tempos de pandemia. Ouça!