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Eleição da Mesa Diretora testa força do novo presidente da Câmara

Arthur Lira, apoiado por Bolsonaro, tenta emplacar comando só de aliados na Casa, excluindo Oposição

Por Portal Eu, Rio! em 02/02/2021 às 12:21:27

Rei morto, rei posto, e Arthur Lira, ao centro, braços erguidos, tem hoje à tarde primeiro teste de força à frente da Câmara dos Deputados Foto Agência Câmara

A Câmara dos Deputados realiza, às 16 horas, nova eleição para os cargos de 1º e 2º vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes da Mesa Diretora. A nova escolha é necessária após o novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter revogado a decisão do então presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) de aceitar o registro do bloco de partidos que apoiou o candidato Baleia Rossi (MDB-SP).

A revogação foi o primeiro ato de Lira no cargo. Como o bloco de Rossi passou ser considerado não existente, Lira determinou à Secretaria-Geral da Mesa o recálculo da distribuição dos cargos, desconsiderando as candidaturas para os demais cargos que foram indicadas por esse bloco. A formação dos blocos parlamentares influencia a distribuição dos cargos da Mesa. Quanto maior o bloco, a mais cargos tem direito na Mesa.



Polêmica gira em torno do prazo para registro de participação do PT no bloco

A decisão gira em torno de polêmica sobre o horário de envio do pedido do PT, do PDT e do PSB para adesão e formalização do bloco que reúne PT, MDB, PSB, PSDB, PDT, Solidariedade, PCdoB, Cidadania, PV e Rede. Esses partidos argumentaram que tiveram problemas técnicos para enviar o pedido de formação do bloco pouco antes do prazo final, ao meio-dia de ontem (1º/2).

Na ocasião, Rodrigo Maia aceitou o argumento e deferiu a formação do bloco. Na reunião que definiu a distribuição dos cargos, no entanto, ocorreram contestações de partidos que apoiaram Lira. O 1º vice-presidente da gestão de Rodrigo Maia, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), questionou a decisão de Maia. Pereira disse que os aliados de Baleia Rossi perderam o prazo.

“Não houve problema no sistema, nós temos uma certidão. Eles perderam o prazo. O prazo era meio-dia, e ele [Rodrigo Maia] está deferindo o PT no bloco do outro candidato, um bloco que não existe”, disse Pereira, após deixar, em protesto, a reunião de líderes realizada antes da eleição desta segunda-feira.

O líder da Minoria, deputado José Guimarães (PT-CE), o bloco que apoiou Arthur Lira queria ganhar a eleição no tapetão e impedir o PT de fazer a segunda escolha. “Isso não tem o menor fundamento. É uma questão política grave. Querem ganhar. Se não bastasse o aliciamento que o governo Bolsonaro fez tentando levar parlamentares para o outro lado, agora querem ganhar no tapetão. Nós tentamos até 11h59 no meu telefone. Eu mostrei o print [de conversa com o secretário-geral da Mesa]", disse.

Naquele momento, Arthur Lira disse que não tinha interesse em tumultuar a eleição e que ganharia "no voto" para que todos os deputados tenham "representatividade e voz".

Atual primeira secretária da Câmara dos Deputados, a deputada Soraya Santos (PL-RJ), descarta qualquer irregularidade na decisão do presidente Arthur Lira (PP-AL) em anular a eleição dos demais cargos da mesa diretora e não vê chances do movimento do bloco formado por MDB, PT e outros partidos prosperar em sua intenção de manter a votação original em ação no Supremo Tribunal Federal. Segundo ela, os partidos alegaram problemas técnicos no registro, mas não há qualquer movimento registrado eletronicamente na Secretaria Geral da Mesa anterior à inscrição efetiva, feita seis minutos após o prazo final.

Soraya Santos lembra que episódio semelhante já havia acontecido na eleição anterior da mesa, quando o PDT fez seu registro com um minuto de atraso, e teve a inscrição indeferida automaticamente. Ela aponta que, como o partido não estava conseguindo acesso ao sistema, deveria ter solicitado uma certidão junto à SGM para comprovar a tentativa.

Ela também questiona que o deferimento da inscrição tenha sido tomado de forma monocrática pelo então presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) e que, em reunião de líderes, os deputados ligados ao bloco vencedor questionaram a irregularidade, sem sucesso.

Soraya Santos acredita que o STF vai garantir a decisão do novo presidente Arthur Lira, por se tratar de assunto interno do Poder Legislativo.

Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) a reportagem da Rádio Câmara sobre a eleição da mesa-diretora, com o depoimento da deputada Soraya Santos (PL-RJ), integrante do bloco que elegeu Arthur Lira presidente da Câmara dos Deputados.



Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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