Pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostra que, em 2019, o Brasil já havia alcançado 52 milhões de empreendedores. Nesse universo há diversos tipos de empreendedorismo como, por exemplo, o social, o sustentável, o franqueado, o digital. O menos comentado ou pouco conhecido é o empreendedorismo corporativo, ou intraempreendedorismo. Mas ele existe.
Segundo o consultor empresarial e professor universitário Manuel Barreiros, o intraempreendedorismo, empreendedorismo interno ou empreendedorismo corporativo, é a modalidade em que um funcionário empreende dentro da organização na qual trabalha mudando ou criando produtos, serviços ou processos. "O tema ainda é pouco debatido, embora seja relevante para as empresas que - na busca por se manterem competitivas - estejam focadas nas mudanças e na inovação", observa Barreiros. Ele destaca que o empreendedorismo corporativo, como política de Gestão de Pessoas, apresenta benefícios tanto para as empresas como para os funcionários empreendedores.
Barreiros comenta as vantagens da organização apostar no empreendedorismo interno: surgimento de novos produtos e serviços, renovação de processos, redução de custos e retenção de funcionários. "Neste sentido, é fundamental às empresas criarem uma cultura empreendedora que inclua condições para que seus funcionários se sintam como parceiros da organização e motivados a usarem seu capital intelectual e espírito empreendedor, contribuindo para que elas alcancem seus objetivos", avalia.
Mas, para que isso seja viabilizado, primeiro é importante que as empresas abram mão de modelos conservadores de gestão. "É imperioso que as organizações se tornem mais flexíveis permitindo que seus funcionários sejam incentivados a opinarem dando sugestões sobre tudo o que possa ser importante para que as empresas possam atingir suas metas", frisa Barreiros.
"As empresas precisam desenvolver uma cultura de inovação, incluindo nela o fomento ao intraempreendedorismo, observando os funcionários em busca daqueles que tenham perfil empreendedor. Precisam criar condições para que seus funcionários, em todos os níveis, tenham a oportunidade de desenvolver seu potencial criativo", aconselha Barreiros. Ele destaca ainda que o potencial deve ser premiado não somente com valores monetários, mas com a possibilidade de eles crescerem dentro da empresa, inclusive, com promoções, levando-os a se sentirem motivados e parceiros das empresas.
Manuel Barreiros. Foto: Divulgação
De acordo com Barreiros, as empresas que adotam essa cultura, além da busca de potenciais funcionários com esse perfil, estão iniciando esse trabalho já no processo de recrutamento. "Para que um funcionário se torne um intraempreendedor é fundamental que procure conhecer o melhor possível a empresa na qual trabalha, especialmente o modelo de gestão, porque vai necessitar do apoio da alta administração, ter iniciativa, capacidade de saber como viabilizar suas ideias, pois é necessário apresentar projetos e coragem para assumir riscos e superar os obstáculos que sempre surgem", observa.
O consultor empresarial e professor universitário chama a atenção para aspectos que devem ser considerados e que devem ser ponderados: quais recursos que a empresa está disposta a investir em novos projetos apresentados por funcionários? "O empreendedorismo corporativo, embora reconhecidamente importante para empresas e funcionários, ainda está pouco presente nas no mundo corporativo, contudo é uma cultura que pelas características do atual mundo empresarial tende a se ganhar mais espaço", finaliza Barreiros.