Policiais da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DESARME) em ação conjunta com a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), do Paraguai, prenderam Gabriel Mendes da Silva, o Turco, um narcotraficante e traficante de armas na cidade de San Bernardino, no Paraguai. Na operação conjunta foram apreendidas anotações que servirão como dados para a continuidade das investigações.
O alvo principal da ação era um homem apontado pela polícia como dos principais traficantes de armas e drogas da América do Sul, o paranaense Ricardo Luiz Picolotto Pedroso da Silva, conhecido como R7, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo. Ele conseguiu escapar do cerco policial.
A polícia monitorou endereços dele no Paraguai, onde vive há mais de um ano se escondendo da justiça brasileira (ele tem mandado de prisão pela Justiça do Rio Grande do Sul). Quando os agentes invadiram a casa, ele tinha acabado de sair. Só a mulher e o filho recém-nascido estavam no endereço.
Se R7 conseguiu escapar, outro alvo da ação, um de seus principais aliados, Gabriel, de 35 anos, não teve a mesma sorte. O traficante também é foragido das cadeias brasileiras. Aliás, não apenas das brasileiras. O catarinense, integrante da mesma facção paulista, estava entre os 76 detentos que, em janeiro de 2020, escaparam por um túnel de uma cadeia em pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, é uma das principais rotas do comércio de armas e drogas do continente
O criminoso, de acordo com as investigações, é responsável pelo envio de armas para o Brasil. Ele recebia no Paraguai, armamento oriundo de países como dos EUA, de Israel, da Europa, da China e até mesmo da Austrália. Do país vizinho, ele envia esse material bélico para vários estados do Brasil.
A prisão do traficante de armas aconteceu após trabalho de investigação e inteligência da especializada. Segundo as investigações ele remetia regularmente armas para comunidades do Rio.
Gabriel, de acordo com as investigações, ainda não é muito conhecido no Rio de Janeiro, mas é líder de uma nova facção criminosa ligada ao PCC de São Paulo. O acusado também tem ligações com um criminoso carioca ligado ao Complexo do Alemão, que está foragido da justiça e se encontra escondido no Paraguai.
Turco estava numa confortável casa na cidade de San Bernardino, avaliada em R$ 2,5 milhões. Dentro da casa os agentes encontram uma arma, munição para pistola e fuzil, celulares e um computador. Como também escapou da prisão paraguaia, a Justiça local vai decidir se extradita o traficante brasileiro ou se o mantém em uma cadeia do país.
Uma apreensão feita pela polícia e considerada importante pelos investigadores foi a de documentos de contabilidade que mostram a organização da quadrilha. Para os agentes, a contabilidade prova o que as investigações da Desarme e da Senad já indicavam: que fuzis de diversos calibres e pistolas são enviados semanalmente para o Brasil.
“O R7 é um personagem obscuro para a polícia brasileira, mas que entope as favelas do Rio com armas e drogas. É um traficante metódico, que controla o material que vende anotando até a procedência das armas que comercializa. Ali no Paraguai chegam para ele armas do mundo inteiro. Israel, Estados Unidos, China, Europa e até da Austrália. E dali ele vai enviando pra cá”, explica o delegado Marcus Vinicius Amim, titular da Desarme.
Nem a dificuldade de trânsito na fronteira entre os dois países em virtude da pandemia de coronavírus freou os traficantes, segundo uma agenda com comprovantes de compra e venda de armas encontrada na mesma casa. São milhões de reais em diversas negociações. Num dos celulares do traficante um vídeo mostra a quadrilha manuseando milhares de dólares e brincando, colocando numa máquina de contar dinheiro.