De acordo com a pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, 60,7% das famílias permaneceu endividadas em agosto, o que representa crescimento em relação ao mês anterior. A pesquisa foi realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviço e Turismo (CNC).
Em julho, o percentual era de 59,6%, menor do que observado em agosto. Apesar disso, a pesquisa indica redução em comparação com agosto de 2017, quando o indicador alcançou 61,2% do total de famílias.
A economista da CNC, Marianne Hanson, ressalta que dívida não é sinônimo de inadimplência. Em relação às contas atrasadas, o estudo indica que 23,8% das famílias não conseguiu quitar suas dívidas. O índice revela queda na falta de pagamento de débitos. Em agosto do ano passado, 25,9% das famílias haviam deixado de pagar as contas do mês.
Outro dado da pesquisa revela as dificuldades que o brasileiro tem para quitar dívidas em atraso. Entre os pesquisados, 9,8% declararam sem condições para pagar as contas ou dívidas atrasadas. Para Marianne Hanson, as dívidas tornam o consumidor mais cauteloso ao fazer compras:
"Apesar do aumento pontual, o indicador permaneceu em patamar inferior ao do ano passado, refletindo ritmo menor de recuperação do consumo das famílias e maior cautela na contratação de novos empréstimos e financiamentos", disse.
Vilão da inadimplência
A principal dívida apontada pelas famílias pesquisadas são as provenientes do cartão de crédito - 76,8%. Em seguida, vêm os carnês (14,2%) e, em terceiro lugar, o financiamento de carro (10,4%).
Hanson explica que o cartão de crédito é sempre apontado como origem da principal dívida da família por dois motivos:
"O cartão preocupa as famílias mesmo quando é usando na forma de pagamento à vista. O motivo é o crédito rotativo. Quando são perguntados, a tendência do consumidor é lembrar-se do custo mais elevado do cartão. O segundo ponto é a facilidade do uso. O cartão se popularizou e hoje substitui outras modalidades, como o cheque pré-datado e o carnê de loja", comentou.
A pesquisa também levou em conta o tempo de endividamento. O brasileiro leva em média 64,4 para quitar dívidas, segundo os dados de agosto de 2018. Um terço das famílias está endividado há mais de um ano. Entre as endividadas, 20,5% afirmam ter mais da metade da sua renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas.
Os pesquisadores coletaram dados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, envolvendo cerca de 18 mil consumidores.