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Bolsonaro ameaça mudar Energia para baixar preços e agradar Centrão

Depois de demitir Castelo Branco na Petrobras, presidente anuncia para esta semana trocas na ANP, no Inmetro, na Defesa do Consumidor e até em ministérios

Por Portal Eu, Rio! em 20/02/2021 às 22:33:19

Em discurso aos formandos da Escola Preparatória de Cadetes, em Campinas, Bolsonaro disse que precisa "trocar as peças que por ventura não estejam dando certo" Foto Agência Brasil

Em rápida entrevista na Band, o presidente Jair Bolsonaro falou em uma espécie de boliche, com integrantes de estatais, agências reguladoras e até ministérios como pinos, para viabilizar uma redução de 15% nos preços dos combustíveis. Esta semana, na sequência do presidente da Petrobras, se tornariam alvo de mudanças o Ministério das Minas e Energia, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a secretaria de Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça e o Inmetro. 'Ou alguém acha que estão funcionando?', ironizou.

Para o presidente, sem intervenção no mercado nem tabelamento, que ele é contra, é possivel reduzir em pelo menos 15% os preços ao consumidor dos combustíveis. O presidente deu as declarações a reportagem da TV Bandeirantes, logo após participar de uma formatura de militares em Campinas, no interior paulista, a 90 km da capital. Desde que lideranças dos caminhoneiros anunciaram a possibilidade de interromper fretes e bloquear estradas, mesmo a primeira tentativa em janeiro tendo resultado frustrada, Bolsonaro busca saídas para reduzir o preço do diesel, foco das reclamações de autônomos e transportadoras.

Ao participar da cerimônia de formatura de alunos da Escola Preparatória de Cadetes (EspCEx), em Campinas (SP), Bolsonaro disse que precisa "trocar as peças que por ventura não estejam dando certo." Em discurso aos formandos, o presidente afirmou que há possibilidade de mais trocas na semana que vem, mas sem detalhes.

A declaração do presidente foi feita um dia após ele anunciar a troca no comando da Petrobras. Na noite de sexta-feira (19/2), em postagem nas redes sociais, Bolsonaro compartilhou uma nota oficial do Ministério das Minas e Energia (MME) que informava a indicação do general Joaquim Silva e Luna para o cargo de presidente da empresa. Silva e Luna vai substituir Roberto Castello Branco, que está no cargo desde o início do governo, em janeiro de 2019.


Para ocupar a vaga deixada por Silva e Luna, que ocupava o cargo de diretor-geral brasileiro da usina hidrelétrica Itaipu Binacional, Bolsonaro indicou o general de reserva do Exército João Francisco Ferreira. O anúncio foi feito por meio das redes sociais do presidente, com uma nota do Ministério de Minas e Energia. O Conselho de Administração da estatal, composto por sete indicados do Governo, três representantes dos acionistas minoritários e um dos funcionários, terá que apreciar a indicação no dia 28 de fevereiro. Originalmente, o mandado de Castelo Branco, indicado por Paulo Guedes, iria até o dia 20 de março.

A mudança na Petrobras ocorre em meio a recentes aumentos no preço dos combustíveis e um dia depois do governo anunciar que vai zerar os impostos federais que incidem sobre o gás liquefeito de petróleo (GLP) – o gás de cozinha – e o óleo diesel. A Petrobras anunciou na quinta-feira (18/2) um novo aumento médio nos preços da gasolina e do diesel em suas refinarias, que chegarão a R$ 2,48 e R$ 2,58 por litro, respectivamente. Na sexta (19/2), foi aplicado um reajuste de R$ 0,23 para o litro da gasolina e de R$ 0,34 para o do diesel.

O preço cobrado nas refinarias da Petrobras corresponde a cerca de 33% do preço pago pelos consumidores finais da gasolina e a 51% do preço final do diesel, segundo a estatal. A companhia explica que "até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis".

Os preços praticados nas refinarias da Petrobras são reajustados de acordo com a taxa de câmbio e a variação do preço internacional do petróleo, negociado em dólar. Desde janeiro, a Petrobras já reajustou três vezes o preço do diesel e quatro vezes o da gasolina, que tinha o valor médio de R$ 1,84 em 29 de dezembro e chegará a R$ 2,48 com o reajuste que vigora a partir de amanhã.

Em 18 de janeiro, a estatal anunciou um aumento médio de R$ 0,15 para a gasolina e manteve o preço do diesel. No dia 26 do mesmo mês, um novo reajuste elevou o preço nas refinarias em R$ 0,10 para a gasolina e em R$ 0,09 para o diesel. Já em 8 de fevereiro, foi anunciado um aumento de R$ 0,17 para a gasolina e de R$ e de 0,13 para o diesel.

De acordo com O Globo, em conversa com apoiadores, o presidente mostrou irritação com os reajustes do diesel este ano, que alcançaram 32%. Embora tenha recrutado em Itaipu Binacional o general Joaquim Vidal e Luna para comandar a Petrobras no lugar de Roberto Castelo Branco, Bolsonaro não poupou de críticas o Ministério das Minas e Energia, dirigido por Bento Albuquerque, e as estatais do setor, como a Eletrobrás. Coincidência ou não, o Planalto recebeu um alerta de que as tarifas subirão 13% em média este ano, e a pasta está sendo cobiçada pelo Centrão, o bloco vitorioso nas eleições da Câmara e do Senado.

Oficial da reserva, Bento Albuquerque entrou na mira dos ministros palacianos e dos parlamentares conservadores como moeda de troca na remontagem da Esplanada depois da crise energética no Amapá. A capital e algumas das principais cidades do estados chegaram a ficar 15 dias sem energia, e um mês em regime de rodízio, com reflexos negativos no atendimento hospitalar e na atividade econômica. O apagão contribuiu decisivamente para que o irmão do presidente do Senado, David Alcolumbre, perdesse as eleições na capital amapaense. Alcolumbre teve papel decisivo nas articulações para isolar Rodrigo Maia, então presidente da Câmara, e esvaziar a aliança de centro (MDB, PSDB e DEM) em torno de Baleia Rossi, com apoio da maior parte da esquerda.

Ouça no podcast do Eu, Rio! (eurio.com.br) a análise do coordenador do SOS Estradas, Rodolfo Rizzotto, sobre a manobra de lideranças do agronegócio para se beneficiarem das reduções artificiais de preços, tanto pelo corte de custos no maquinário agrícola, como pela pressão, mais adiante, para que o tabelamento do diesel se reflita em fretes mais baixos, anulando os efeitos para a margem dos caminhoneiros.


Por Portal Eu, Rio!

Fonte: Com Agência Brasil

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