Durante a pandemia, 1 milhão e 200 mil empregadas domésticas foram demitidas no país, de acordo com dados de Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE de 2020. Mais de 20%, entre aquelas que não foram demitidas, tiveram redução em suas rendas. Diante deste cenário, surge a pergunta: qual o papel das ONGs feministas na efetivação de ações estratégicas de apoio a essas trabalhadoras no contexto da pandemia? A pesquisadora Thays Monticelli, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, ganhou uma bolsa de Pós-Doutorado Nota 10 da Faperj para investigar o assunto.
A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) é vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, e as bolsas Nota 10 são concorridíssimas em virtude do valor de R$ 5,2 mil. São apenas 75 bolsas a cada edição disputadas em todo o Estado do Rio de Janeiro.
O projeto tem duração de três anos, e Thays Monticelli acompanhará cinco ONGs feministas. Duas delas, que atendem mais de seis mil trabalhadoras domésticas, já foram avaliadas. O estudo contempla, entre outros, atores que financiam as ações, como a sociedade civil, governos e instituições nacionais e internacionais; e os articuladores e as ações junto às trabalhadoras domésticas, incluindo redes de ativistas e lideranças. Segundo dados do Ipea, existem no Brasil mais de 780 mil Organizações Não-Governamentais.
Até agora, Monticelli identificou, nesta pandemia, novas maneiras de ativismo feminista no Brasil, apontando para ações emergenciais como a distribuição de mais de 12 mil cestas básicas, kits de higiene, recargas de celulares e um amplo e democrático debate em lives e podcasts sobre as condições do trabalho doméstico remunerado na pandemia.
Nesse contexto, Monticelli identificou também o surgimento de alianças mais estreitas entre as feministas e as trabalhadoras domésticas, assim como uma inserção mais ampla no debate das políticas públicas brasileiras.