Ano após ano, o aumento da população idosa bate recordes no Brasil. Isso é o que mostra o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que apontou que esta faixa etária representava 15,7% da população em 2019, contra 12,8% de crianças. Segundo essa mesma pesquisa, em 2047, a curva de crescimento no número de habitantes deve inverter, ou seja, vai deixar de crescer e entrar em queda. A explicação para tal tendência é a combinação entre o aumento da qualidade de vida com a diminuição da natalidade no país.
Com o crescimento do número de pessoas com mais de 60 anos, novas profissões estão se destacando e ganhando oportunidades no mercado de trabalho. Uma delas é na área de Gerontologia, que estuda o processo de envelhecimento do ser humano para oferecer uma vida mais tranquila nos aspectos físicos, psicológicos e biológicos. A profissão é bem recente no Brasil, já que a primeira turma de profissionais se formou em 2008, após 4 anos de estudo na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH/USP).
Esse é o caso da Nathalia Gitti, formada pela ECAH/SP em 2015 e recém-contratada como responsável pela área de atendimento e hospitalidade da Suprevida, plataforma digital de informações, serviços e produtos para saúde. A especialista conta que a escolha da faculdade se deu pelo apreço por essa parcela da população aliado à inovação no mercado. “Sempre soube que queria trabalhar com idosos, desde a época da escola. Lá, eles tinham um projeto muito bacana com uma casa de repouso. Então, sempre tive essa certeza, mas eu não queria ser médica porque tenho pavor de sangue. Foi aí que descobri a gerontologia, um campo aberto e que busca integrar todas as áreas do envelhecimento. É mais do que qualidade de vida, engloba planejamento”, explica Nathalia.
No quesito inovação, ela acertou em cheio. A profissão é apontada como destaque nos próximos anos por conta do envelhecimento brasileiro. A estimativa é que, a partir de 2030, tenhamos uma população “envelhecida" no País, assemelhando-se a países da Europa Ocidental, Rússia e Japão. “É uma profissão muito nova, as pessoas ainda estão conhecendo sobre esses profissionais. Entrei na faculdade ouvindo que essa seria a profissão do futuro, mas agora eu vejo que já é do presente. Estamos sofrendo uma transição demográfica e precisamos nos preparar”, diz a especialista. Mesmo no início da carreira, a jovem vê muitas oportunidades para os novos profissionais e já coleciona importantes referências no currículo. Atuou na área de Relacionamento a clientes no campo de saúde em Instituições de Longa Permanência, além de uma grande rede de hospitais para idosos, bem como comandou programas sociais para esse público.
Na startup de saúde Suprevida, ela chega com a responsabilidade de gerenciar a hospitalidade no atendimento para todos os clientes e aprimorar o cuidado com esse grupo tão carente de conversas longas e atenção. Nathalia ressalta a importância de escutar e conversar com essas pessoas. Os idosos sentem, com o passar dos anos, que estão sendo deixados de lado e não são mais tão úteis, por isso ficam carentes de atenção. Ao mesmo tempo, são os que mais consomem produtos de saúde. "Por isso, achei muito bacana a ação da empresa de trazer esse olhar mais humano aliado com a tecnologia. Nós também chegaremos lá um dia. Trabalhando com esse público, aprendo algo novo diariamente, tenho uma visão diferente do mundo e vejo que há outras formas de solucionar nossos problemas imediatistas”, conclui.