Marupiara Ramos Jardim Medeiros, de 36 anos, foi presa pelos crimes de cárcere privado, grave ameaça, extorsão e posse ilegal de arma de fogo. Foto: Divulgação Polícia Civil
Policiais civis da 71ª DP (Itaboraí) prenderam em flagrante uma mulher acusada de integrar uma quadrilha especializada em roubo a caminhões de cargas. Segundo as investigações, os criminosos mantinham os motoristas em cárcere privado até o momento em que conseguissem atravessar as carretas para o Paraguai. A prática servia como contrapartida para o pagamento de drogas e armas enviadas para traficantes que atuam em comunidades de São Gonçalo e de Itaboraí.
Marupiara Ramos Jardim Medeiros, de 36 anos, foi presa pelos crimes de cárcere privado, grave ameaça, extorsão e posse ilegal de arma de fogo. Ela era responsável por verificar a condição de saúde das vítimas e por realizar transferências e saques bancários. O chefe de investigação da 71ª DP, Carlos Augusto Ferreira, explicou que a quadrilha atraía os caminhoneiros através de um aplicativo falso de frete, o FreteBras, que anunciava empresas fantasmas com cargas para serem carregadas para fora do Rio.
"A quadrilha forjou que existia uma firma de frete de cargas, que realmente existe, mas fizeram um fake dela. Eles colocam um número deles, que direcionava tudo para eles, e anunciavam nesse aplicativo que eles estavam com a carga para subir para vários lugares e aí esses caminheiros, que desciam com carga, se colocavam disponíveis para fazer o transporte, até porque os caras ofereciam vantagens que atraíam os caminhoneiros".
O motorista do caminhão, ao chegar no local combinado pelo aplicativo para buscar a carga, era rendido e mantido em cárcere privado por três a cinco dias. Segundo Ferreira, "era o tempo necessário para atravessar para o Paraguai e enquanto isso eles faziam uma limpa na conta bancária do caminhoneiro".
Os criminosos levavam o caminhão roubado até o Paraguai e o usavam como moeda de troca para o pagamento de drogas e armas enviadas para traficantes que atuam nas comunidades do Comando Vermelho de Itaboraí e São Gonçalo, como a Comunidade de Gebara, de Guaxindiba e do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Quando o caminhão chegava no Paraguai, o caminhoneiro era solto pela Marupiara e largado na cidade do Rio com um capuz e desorientado.
"Ela ia no local do cativeiro, verificava a condição do caminhoneiro no cárcere privado. Então, ia com a maquininha própria de cartão de crédito e fazia a transferência para a conta dela e de outras pessoas. Quando o caminhão chegava no Paraguai, ela soltava o caminhoneiro", disse Ferreira.
No total, foram cinco vítimas do grupo criminoso, quatro vindas do Paraná e uma do Rio. Segundo Ferreira, as investigações estão em andamento para localizar o restante da quadrilha e um dos caminhões roubados já foi localizado pela Polícia do Paraguai.
A mulher foi localizada e detida na comunidade Santa Luzia, em São Gonçalo, durante uma diligência para cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão contra ela. Além de responder por posse ilegal de arma de fogo, contra ela também foi cumprido um mandado de prisão temporária pelo crime de roubo.
Os agentes também apreenderam, na ação, o veículo de Marupiara, um EcoSport de cor branca, um radiotransmissor e um carregador de fuzil 556, com 20 munições. Após a ação, Marupiara foi encaminhada para o sistema prisional e está à disposição da Justiça.