A pandemia mudou muitos padrões sociais. Com o isolamento, a maioria das pessoas aumentou o consumo de delivery desde o início do ano passado, o que fortaleceu também o consumo do plástico descartável, um dos maiores vilões dos oceanos.
Nesta segunda-feira (22), é comemorado o Dia Mundial da Água, instituído pela ONU em 1993, com o objetivo de promover a conscientização sobre o uso deste recurso natural tão importante e alguns dados alertam para como o oceano tem sido impactado pelos padrões de consumo.
Atualmente, a produção mundial de plástico equivale a 500 milhões de toneladas, segundo o Greenpeace. Muito desse processo tem como produto final os objetos plásticos de uso único, como sacolas, pratos e garrafas que, quando descartados, podem ter dois destinos: um aterro sanitário ou a reciclagem. Porém, a ONU estima que 8 milhões de toneladas de lixo plástico entrem por ano nos oceanos.
O grande problema é que os dados sobre reciclagem não são positivos. Apenas 9% de todo o plástico produzido no mundo foi reciclado, 12% foi incinerado e 79% foi parar em aterros ou foram descartados no meio ambiente, de acordo com dados divulgados pela IBERDROLA .
Além disso, o material já chegou ao ponto mais profundo do planeta, situado a 11 mil metros de profundidade, onde nem mesmo o ser humano, com toda a tecnologia disponível, foi capaz de chegar e, de acordo com uma estimativa divulgada no Fórum de Davos , até 2050, pode haver mais plástico que peixe nos oceanos.
Para começar a mudar este cenário já!
Lori Vargas, fundadora da Mapeei , primeira loja zero desperdício do Brasil, conta como é possível reduzir significativamente o uso do plástico no dia a dia e contribuir para a redução da poluição dos oceanos.
"Não nos damos conta de que muitos itens que usamos diariamente, quando descartados, acabam poluindo o meio ambiente. As escovas dentais, por exemplo, geralmente são feitas de plástico. Se você trocar por uma feita de bambu , é um material que, por ser 95% biodegradável, pode ser compostado, enterrado em jardins ou vasos de plantas. Anualmente, são descartadas 26 bilhões de escovas no mundo, então só com essa prática, a gente consegue melhorar muita coisa", aponta.
Além das escovas dentais, outros itens podem ser facilmente substituídos por outros, confeccionados com outros materiais, como os canudos de inox , que substituem os de plástico descartável e tem ganhado popularidade, assim como os copos retráteis , fáceis de carregar e que ajudam a reduzir ou até eliminar o uso dos copos descartáveis.
Lori chama atenção também para os itens de beleza e bem-estar: "Outro grande problema são objetos como aparelhos de barbear descartáveis, que são feitos de plástico, para serem usados uma única vez. A solução para isso é voltar a usar os barbeadores de aço , que é um item que causa desperdício zero", complementa.
Durante a idade fértil, uma única mulher descarta de 10 a 15 mil absorventes íntimos. Hoje, além dos absorventes de tecido , que são laváveis e reutilizáveis, existe a possibilidade de substituir o absorvente convencional pelo coletor menstrual , que é um copinho de silicone medicinal hipoalergênico, que coleta o sangue e ainda facilita práticas como yoga, academia e natação.
"Minha ideia, ao criar a Mapeei, foi justamente oferecer opções para que as pessoas pudessem reduzir drasticamente o uso do plástico descartável. Minha primeira dica para quem está disposto a seguir este caminho é saber dizer não diga não quando te oferecerem sacolas plásticas no mercado, peça uma caixa de papelão ou leve uma de tecido. Dessa maneira você cria o hábito e isso passa a ser cada vez mais natural", sugere Lori.