Cesar Miranda Ribeiro é jornalista e radialista. Possui mais de 35 anos de experiência na TV Globo. Como novo presidente do Museu da Imagem e do Som (MIS), ele anunciou projetos para o espaço. O Portal Eu, Rio! entrevistou o gestor.
Portal Eu, Rio!: Quais são suas prioridades à frente do MIS?
Cesar Miranda Ribeiro: Nossa maior prioridade é a finalização das obras da nova sede, em Copacabana. A meta é entregarmos ainda no governo Cláudio Castro esse equipamento. Esperamos que a licitação para a escolha da empresa que vai finalizar a obra seja realizada ainda neste semestre. Faltam apenas 30% das obras físicas e esperamos retomar em breve esses trabalhos. O conteúdo já está em grande parte pronto aqui no MIS. Esse investimento é muito importante para o Rio. Não só porque vai abrigar um acervo fantástico, mas também para o turismo. Vai projetar ainda mais a cidade para o mundo.
PER: Já há um modelo definido com relação ao conteúdo das exposições?
CMR: A exposição-raiz será a da Carmen Miranda. A composição vem basicamente do acervo do Museu Carmen Miranda, que está guardado. Mas a interatividade e a tecnologia serão fatores preponderantes. A ideia é que as exposições se renovem constantemente e o próprio acervo do MIS já forneça base para mostras temporárias de todo tipo. Há aqui 300 mil itens e esse número cresce, a cada ano, entre 10% e 35%.
PER: Há novidades também para as instalações mais antigas do MIS?
CMR: Certamente. Também é uma prioridade a restauração do prédio da Praça XV, feito para a exposição do Centenário da Independência, em 1922. Um dos planos é revitalizar o cinema. Em setembro de 2022 vai completar 100 anos da primeira transmissão radiofônica no país. Ela, infelizmente, não foi gravada, mas é um marco histórico. Nossa ideia é promover eventos que lembrem esse fato, que ocorreu naquele complexo de prédios construídos para a exposição. Por isso recuperar esse patrimônio é tão importante. Só dois prédios daquela exposição continuam em pé.
PER: O MIS recebeu recentemente a doação do acervo pessoal do José Wilker. Como está sendo tratado esse material?
CMR: Tivemos que disponibilizar uma sala só para ele no prédio. São 8 mil itens, entre livros, DVDs, LPs, etc. Ele era um apaixonado pelas artes, um estudioso. Estamos catalogando tudo e, ao final, a família, que fez a doação, será ouvida. O que não for considerado de interesse público será devolvido, mas muita coisa ficará disponível para consulta. O que mais me entristece é ver um acervo guardado e não mostrado. Quero fazer uma gestão democrática. Se não houver impedimento jurídico, os acervos devem ser acessados por todos os brasileiros que tiverem interesse. Esse processo tende a ser facilitado a partir da criação do Selo de Certificação MIS, que permitirá uma vistoria prévia às coleções e facilitará as doações. É um projeto que estamos desenvolvendo.