O #FRENTE -- Festival Carioca de Fotografia Popular Emergente -- selecionou no último mês 40 fotografxs moradores de comunidades e regiões periféricas do Estado do Rio de Janeiro para uma exibição de trabalhos em uma galeria online. A ideia do projeto, que tem o apoio da Lei Aldir Blanc, é incentivar a produção de artistas e olhares que emergem do silenciamento social, econômico, artístico e cultural.
Foto: Divulgação
"Não é segredo algum que a fotografia sempre foi elitista. Sempre foi muito caro fotografar e ainda é. Grande parte dos selecionados, bem como os artistas de origem periférica, desenvolvem mais de uma atividade para garantir sua sobrevivência e das suas famílias e dar continuidade às suas produções artísticas. O #FRENTE se propõe a ser uma vitrine, uma janela contra o silenciamento e a invisibilidade, um espaço de acolhimento e compartilhamento de saberes e também de ocupação e posicionamento no campo artístico/poético/político. Infelizmente, vivemos em um sistema que não nos permite compreender rapidamente e nos custa muito tempo até entender que o que fazemos é Arte. Sabemos que muitos circuitos de arte formais e institucionais têm suas portas fechadas para esses artistas. Enquanto for assim, vamos criar nossos circuitos, com interlocução com outros que dialogam da mesma forma. O que muitos consideram à margem e chamam de periferia, para nós é e sempre será central, pois se trata de nossa origem, de nossas raízes", apresenta Giuliano Lucas, idealizador do Festival.
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Além da galeria, que pode ser conferida no www.frentefestival.com.br, todos os selecionados receberam um curso gratuito de Photoshop da Brainstorm Academy, um voucher com direito a 15 impressões fotográficas e lives com homenageados (dentre eles, Januário Garcia, uma das referências brasileiras em fotografia no país e no exterior). Também foram realizadas capacitações com ações pedagógicas e estratégias em como manter e gerenciar suas carreiras, versando sobre assuntos como mercado da fotografia, formalização das atividades, precificação e remuneração dos trabalhos e registro profissional.
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"Fazer parte de um projeto como esse foi uma das melhores coisas que já me aconteceu. É muito importante pra mim e para os outros selecionados também", diz Cryslaine Marques, selecionada #FRENTE moradora da Mangueira.
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"Após a seleção para o Festival Frente, pude conhecer o trabalho incrível de diversos fotógrafos. O Frente é um grande canal de fotógrafos periféricos que além de criar conexões entre comunidades, fomenta o trabalho de todos os envolvidos", diz Yuri Perini, um dos 40 selecionados, morador de Paciência.
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O @frentefestival reuniu fotógrafos profissionais e iniciantes de comunidades em Nova Iguaçu, Niterói, São Gonçalo, Queimados, Belford Roxo, Complexo da Maré, Rocinha, Jacaré, Bangu, Complexo do Alemão além de vários outros pontos da cidade. Na galeria e no Instagram do Festival, cada um mandou sua mini bio, destacando seu amor pela fotografia.
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"Participar deste festival tem sido uma oportunidade rara no atual momento, onde a pandemia faz com que todos os dias a gente se pergunte o que estamos fazendo. Tirar foto vem sendo uma forma de ver o mundo com o filtro de nossas lentes, exaltando o respeito pelo lugar que nos recebeu, as pessoas, paisagens, quem ainda move e se coloca em risco nessa cidade. Comprei uma câmera quando recebi meu seguro desemprego, pouco antes disso tudo começar. Nesse tempo, também precisamos nos mudar aqui pra Maré. Ter sido escolhida entre nomes que eu tanto admiro e criar essas relações de acolhimento e profissionalização, foi não só uma porta aberta, mas escancarada. Esse projeto é um encontro. A primeira vez que me vi de fato como fotógrafa, ou a um passo mais próximo desse sonho", diz a selecionada Laís Pinheiro de Moraes, moradora do Complexo da Maré.
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Serviço:
#FRENTE Festival Carioca de Fotografia Popular Emergente
@frentefestival