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Civil atua para desarticular esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho

Investigações da fraude, que já movimentou R$ 7 milhões em mais de 40 contas bancárias, iniciou após prisão do traficante PQD da CDD em 2019

Por Portal Eu, Rio! em 13/04/2021 às 10:32:37

Foto: Divulgação Governo do Rio

Policiais civis da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DESARME), com apoio de agentes da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) realizam a operação "Caixinha S/A", nesta terça-feira (13/04). Os alvos são integrantes do Comando Vermelho envolvidos em diversos crimes, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A ação tem como objetivo desarticular um esquema milionário, que já movimentou cerca de R$ 7 milhões, em mais de 40 contas bancárias, e atuará em pontos estratégicos para diminuir, ainda, os índices de roubos de veículos e cargas cometidos pela quadrilha. os agentes pretendem asfixiar a chamada "caixinha" da quadrilha — valor em dinheiro que é utilizado, entre outras funções, para financiar, dentro das cadeias, integrantes do grupo que se encontram presos.

Para investigar a atuação dos criminosos foi montada uma força-tarefa composta por unidades do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE). As investigações duraram dois anos e começaram a partir da prisão em flagrante do bandido Elton da Conceição, o “PQD da CDD”, detido por policiais militares no dia 21 de março de 2019. Com ele, os agentes apreenderam armas de fogo, equipamentos militares, cerca de R$ 5 mil em dinheiro e diversas anotações de contabilidade do tráfico de drogas. As informações preliminares indicavam que o acusado exerceria a função de armeiro do tráfico. Os policiais também encontraram dezenas de comprovantes de depósitos e identificaram uma rede de pessoas, em sua maioria familiares, responsáveis pelo recebimento e repasse de quantias em dinheiro do tráfico de drogas a presos do Sistema Penitenciário das mais diversas localidades.

Durante esse período foram monitoradas milhares de transações suspeitas. Os agentes identificaram pelo menos 84 pessoas envolvidas no esquema criminoso, sendo 42 presos e 42 pessoas responsáveis pelo recebimento dos valores e movimentação financeira, incluindo familiares próximos e pessoas do convívio íntimo das lideranças da facção. A organização criminosa também é responsável por roubos de veículos, a pedestres e estabelecimentos comerciais; "saidinhas" de banco e extorsões mediante sequestro.

A operação Caixinha S/A também tem apoio de policiais penais da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (SEAP). Estão sendo realizadas diligências em unidades prisionais do Complexo de Gericinó, em Bangu, e Presídio Tiago Teles, em São Gonçalo.

— Essa cúpula se beneficia desse dinheiro para a compra de armas e bancar guerras, familiares e amigos, como um verdadeiro fundo previdenciário. Hoje (terça-feira) vamos ouvir pessoas que estão presas e estão sendo investigadas. Visamos a identificar e individualizar as condutas de cada um — disse o delegado Gustavo Rodrigues Ribeiro, titular da Desarme.

O policial lembra que os depósitos eram feitos em uma lotérica da Cidade de Deus, comunidade na Zona Oeste do Rio, para presos e pessoas ligadas a esses criminosos. Segundo ele, esses valores beneficiavam criminosos desde o Norte Fluminense, passando pelas regiões Serrana e dos Lagos.

— É um fundo sistêmico e estadual e atinge todas as regiões do estado. Através de 44 contas correntes eles movimentaram R$ 7 milhões em dois anos. Identificamos 84 laranjas. Quarenta e quatro estavam presos e movimentavam essa quantia de dinheiro em benefício próprio.

Para o investigador, os criminosos foram se aprimorando ao longo do tempo na utilização de laranjas para a movimentação financeira.

— Antigamente eles usavam pessoas com procurações falsas, pessoas que tinham documentos frios e recebiam para emprestar seus nomes. Hoje, com aplicativos de internet bank, eles conseguem, apenas com uma chave de tokin, movimentar milhões. Hoje eles não precisam falsificar nada. Tudo é movimentado pelo celular. Com a quebra das contas correntes verificadas, além dos parentes, eles usavam pessoas mortas para habilitar os telefones celulares para habilitarem o tokin — destacou Gustavo.

Todos eles, beneficiados, pertencem à organização criminosa.

— Sempre as movimentações financeiras aconteciam em datas próximas às visitas. Apenas uma esposa de um traficante que pertence à facção, recebia R$ 7 mil para bancar seu luxo de primeira-dama — disse o delegado.

Entre os alvos mais importantes está o Marcelo Moreira Reis, o Marcelinho da CDD, que é um dos donos de uma área da Cidade de Deus, onde foram encontradas as anotações. A família dele era a mais beneficiada.

— Queremos entender e individualizar cada conduta — salienta Gustavo Ribeiro.

Todos os envolvidos estão sendo indiciados por associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.

— Já são diversas fases e, ao final da investigação, queremos entender mais a movimentação dessa organização criminosa — completou o delegado.

Estão sendo realizadas diligências em sete unidades do Complexo de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. Os agentes também irão ao Presídio Tiago Teles, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do estado.

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