Depois de ganhar a luta contra o câncer de mama, as mulheres precisam aprender a conviver com as cicatrizes deixadas pela doença. Após tantas mudanças, muitas preferem transformar o trauma ressignificando as cicatrizes pós mastectomia com tatuagens, como uma nova forma de beleza para seu corpo. O projeto "Cores que dão vida" surge com o conceito de elevar a autoestima dessas mulheres através da arte na pele.
Idealizado pelo tatuador Jhony Tattoo e pela coordenadora do grupo de apoio ao paciente oncológico "Unidas pela Vida", Patrícia Silva, ambos de São Gonçalo, o projeto possibilita de forma gratuita, que mulheres tenham a possibilidade de cobrir cicatrizes das cirurgias, reconstruir a auréola da mama e realizar a marcação do tumor, processos que fazem parte da luta contra a doença.
A primeira paciente a realizar o procedimento de cobertura de cicatriz foi Rejane Dantas, que há nove anos descobriu um nódulo no seio direito realizando o autoexame e após realizar uma ultrassonografia da mama, descobriu a doença. Após quimioterapias e duas cirurgias, para retirada dos nódulos e de reconstrução, esta semana ela resolveu virar a página. "O câncer foi um divisor de águas em minha vida, descobri minha vaidade enquanto estava doente, foi quando comecei a trabalhar minha autoestima. Este ano completo 10 anos que comecei esta luta e terei alta do Inca (Instituto Nacional de Câncer ). A tatuagem é um ponto de partida pra uma nova etapa em minha vida. Estou encantada e extremamente feliz. Não paro de me admirar e sou muito grata de ter tido essa oportunidade", conta emocionada.
Segundo Jhony, o projeto de reconstrução da auréola existe desde 2017 e, até o momento, 200 mulheres já realizaram o procedimento. O profissional faz tatuagens realistas que reproduzem o desenho do mamilo e da aréola. "Iniciamos fazendo apenas auréola e fomos ampliando o número de procedimentos. Fico muito feliz em contribuir com meu trabalho para elevar a autoestima dessas mulheres. Tatuagem é questão de gosto e, quando o assunto é ressignificar a perda de uma mama, não é diferente. Tatuar ou não após a mastectomia é uma escolha sua. Eu tenho prazer em ajudar e poder ver os sorrisos nos rostos delas ao final de cada procedimento, isso não tem preço e sim valor na vida delas", diz o tatuador.
Atuando em três municípios (São Gonçalo, Rio Bonito e Caxias), o grupo de apoio ao paciente oncológico "Unidas Pela Vida" conta com 814 pacientes cadastrados realizando acompanhamento de tratamento. A parceria do projeto de tatuagens é apenas uma das inúmeras ações que são disponibilizados para as pacientes, que contam ainda com apoio psicológico, nutricional, micropigmentação de sobrancelha, confecção de perucas, doação de megahair, cestas básicas, almofadas cirúrgicas, sutiã do recomeço e lenços. "Em média, 80% de nossas pacientes são acometidas pelo câncer de mama. Elas têm sua vida abalada com o diagnóstico e buscam, de diferentes formas, recuperar a vaidade e o bem estar. Muitas não têm apoio financeiro e psicológico e nós abraçamos essas pacientes, valorizando a característica de cada uma, ajudando a proporcionar autoestima e qualidade de vida, que é essencial para pacientes em tratamento de câncer", explica Patrícia Silva.
A tatuagem após a mastectomia só deve ser feita quando as cicatrizes e pontos da cirurgia estiverem completamente curados e se houver a liberação pelo médico responsável pelo procedimento cirúrgico e pelo oncologista.
As pacientes podem entrar em contato através dos instagrans @jhonytattoooficial e @unidaspelavidasg1 ou pelo número 96430-5693.