Abril marca o mês da Conscientização da Hérnia Diafragmática Congênita. Esse tipo de malformação causa apreensão nas gestantes, pois podem acarretar em graves sequelas respiratórias, ou até mesmo a morte do bebê. Isso ocorre em virtude da falha na formação do diafragma do feto, fazendo com que os órgãos abdominais subam para a caixa torácica, impedindo o desenvolvimento completo do pulmão.
De acordo com Renato Sá, chefe do Serviço de Cirurgia Fetal da Perinatal/ Rede D'Or, a taxa de sobrevida, nesses casos, é de 60%, em média, e pode variar conforme a gravidade. Em diagnósticos com alto risco de óbito, o médico explica que a melhor opção são as intervenções intrauterinas, feitas ainda no útero da mãe. “Nesta etapa do processo é inserido um balão dentro da traqueia do feto, permitindo o desenvolvimento adequado do pulmão do lado não afetado”.
Por se tratar de uma intercorrência complexa, o procedimento necessita de uma equipe multidisciplinar e estrutura de ponta. É através da capacitação de profissionais e dos recentes avanços tecnológicos que é possível salvar vidas mesmo em situações de alto risco. A técnica minimamente invasiva, via toracoscopia, é realizada sem agredir os tecidos. Com apenas três pequenas incisões, uma de 5mm e outras duas de 3mm, é possível a cirurgia no bebê. No Centro de Cirurgia Fetal e Neonatal (CCFN), o primeiro centro do país, recém-inaugurado, que trata por completo a mãe e o bebê, é oferecido toda a infraestrutura e equipe altamente especializada para a realização das duas cirurgias.
Os recém-nascidos diagnosticados com HDC são colocados em respiração assistida na UTI neonatal, onde ficam em observação para avaliar a capacidade dos pulmões. A correção é feita entre o terceiro e o quinto dia de vida. “Nestes casos, o parto deve ser feito em hospitais de alta complexidade para que o tratamento adequado seja oferecido logo nos primeiros minutos de vida. O diagnóstico pode ser feito a partir do terceiro mês de gestação, quando o diafragma já deve estar formado”, alerta Renato.