Indígenas e moradores de favelas estão entre as mais vulneráveis vítimas da covid-19. É o que revelam os dados do Comitê Nacional pela Vida e Memória Indígena, integrado por lideranças desses povos.De acordo com estatísticas registradas até a última sexta-feira, foram registradas mais de mil mortes de indígenas por coronavírus, além de cerca de 52 mil casos da infecção.
De acordo com as pesquisas, o racismo e a invisibilidade desses segmentos os tornam ainda mais vulneráveis. Doenças como desnutrição, anemia, malária, tuberculose e hepatite B também contribuem, aliadas à falta de acesso a saneamento básico e o compartilhamento de objetos de uso pessoal se somam aos fatores que dificultam a adoção de medidas de prevenção nas aldeias.
A Fundação Oswaldo Cruz, com o apoio da Embaixada do Reino Unido, lançou um guia com recomendações para minimizar os efeitos da pandemia de covid-19 sobre populações marginalizadas. A publicação também apresenta as repercussões do novo coronavírus relacionadas as diferenças raciais e de gênero.
O guia foi elaborado por pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fiocruz, e o conteúdo reforça o quanto a crise sanitária evidenciou as desigualdades que atingem a população brasileira.
O lançamento do material, nessa segunda-feira (19), coincidiu com a data em que é comemorado o Dia do Índio e dedicou a eles boa parte dos estudos. A análise referente aos povos indígenas resultou de um trabalho desenvolvido pelas pesquisadoras Ana Lúcia Pontes e Daniela Alarcon, ambas da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fiocruz.
Para reduzir esses números, o documento lista treze recomendações. Entre elas, a ampliação da testagem; contenção de invasões em terras indígenas; e fortalecimento da atenção primária nos Distritos Sanitários Especiais dessas populações.
O trabalho reforça, ainda, a importância de dar voz às lideranças indígenas durante as etapas de formulação e implementação de qualquer ação de enfrentamento à pandemia.
O material, denominado "Ações e políticas públicas para conter a Covid-19 e seus impactos sociais", pode ser acessado na página da Fundação Oswaldo Cruz.
Ouça no Podcast Eu, Rio! matéria da Rádio Nacional no RJ sobre o assunto.