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Os 3 Ps de 2021 - Pandemia, Pessoas e Processos

Especialista fala sobre os aprendizados de 2020 para as empresas e líderes de RH

Por Portal Eu, Rio! em 24/04/2021 às 06:00:00

Foto: Divulgação

O ano de 2020 foi, desde o seu início, o ano mais desafiador para as empresas e para os profissionais. A pandemia nos últimos mais de 365 dias fez com que o trabalho invadisse os lares, transformando as casas em escritórios - alguns chamam o processo de “home office” e outros se orgulham de afirmar “estarem passando por uma transformação digital”.

Mas será que foi isso mesmo que aconteceu?

Segundo Caio Infante, vice-presidente regional (LATAM) da Radancy e um dos co-fundadores da Employer Branding Brasil, ao contrário do que muita gente pensa, as pessoas não estão em primeiro lugar nas empresas – infelizmente, se engana quem acha que ter colocado todo mundo em casa para trabalhar de maneira remota conseguiu algo incrível. “A saúde mental foi o tema mais falado no último ano por todo mundo, isso porque ninguém estava, de verdade, preparado para trabalhar em casa com a família por perto. Todo mundo se virou sem a devida estrutura, lidando com líderes despreparados e sem horário certo de trabalho, afinal, para a maioria dos gestores, se você está em casa você está disponível. Foram – e ainda estão sendo – vários desafios diários”¸ afirma. Caio Infante é formado em Publicidade e Propaganda pela ESPM com MBA em Gestão Internacional pela University of Technology, na Austrália. Sua carreira profissional foi desenvolvida nas áreas de Negócios de diversas agências de propaganda do Brasil e do exterior. É coordenador geral dos cursos de pós-graduação e extensão do Ibmec/SP e professor da StarSe Gestão Inovadora para RHs.

As organizações também patinaram (e muito) com relação ao quesito “comunicação”. ”O que mais a gente ouvia em 2020 de quem estava trabalhando eram as dúvidas se haveria cortes nas empresas ou se algumas iriam quebrar. As pessoas ficavam literalmente apavoradas quando recebiam ou e-mail com um invite para uma reunião com a chefia já esperando que fosse uma demissão”, lembra Caio. A cultura do medo e da incerteza foi a campeã do último ano e muitos talentos deixaram seus empregos por insegurança ou por falta de informação de como seria o amanhã. “Vimos muitas pessoas focadas em procurar emprego, e não na solução do seu cliente”.

E quando o assunto é “marca empregadora”, o desespero era ainda maior – as empresas, simplesmente, em sua maioria, decidiram não contratar mais ninguém por tempo indeterminado e abrir mão do employer branding – para Caio, ficou escancarada a falta de preparo e de estratégia das empresas quando assunto é posicionamento. ”A maior falha das empresas com a loucura da pandemia foi não parar para se questionar o que os seus colaboradores disseram (e continuarão dizendo) sobre como foram tratados durante 2020. Será que o que predominou entre eles foi o sentimento de orgulho ou de desespero por parte do empregador? Vimos a febre da cadeira do escritório sendo enviada para a casa dos colaboradores e dos happy hours online - nem tão happy assim, com uma aula de yoga no meio para descontrair, mas ninguém (ou quase ninguém) perguntando o que as pessoas realmente queriam, como elas estavam se sentindo e o que realmente lhes tirava o sono”. Para Caio, não houve preocupação genuína com a saúde mental e física da maioria das pessoas, muito menos com relação a sua família e filhos.

O futuro chegou com a virada do ano, a pandemia não acabou e a pergunta que ficou foi: quais foram, realmente, as lições aprendidas por parte das empresas e de seus colaboradores? Com o passar do tempo, algumas empresas retornaram ao escritório físico, mesmo sem perguntar (de novo) para os seus colaboradores se aquela era mesmo a melhor opção ou se ele tinha com quem deixar o filho, já que as escolas estavam fechadas, ou se morava com alguém em idade de risco. Para Caio, inúmeras vagas remotas com a obrigação de ir para o escritório pelo menos duas vezes por semana se tornaram o “hit” do último Verão. “Mesmo com tudo o que aconteceu, parece que as empresas ainda não entenderam que o que realmente importa são as pessoas... São elas que produzem, vendem, entregam, comunicam... E se elas não estiverem sendo bem cuidadas, com certeza, o impacto para o negócio é imediato. Receitas que desabam, clientes que se vão, talentos que se mudam... E se a gente recortar por gênero, então, o estrago é muito maior, infelizmente”, afirma Caio. “Eu poderia trazer outros Ps aqui além dos citados anteriormente, como Propósito, Procrastinação, Políticas, mas os 3 já são suficientes para levantar algumas reflexões importantes. Em meio a tantos acertos e erros, como se comportariam as empresas nesta mesma crise há 15 ou 20 anos, sem ter a tecnologia como aliada? Talvez muitas marcas nem estariam mais aqui para contar história”, finaliza.


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