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Luiz Felipe Carneiro: "Bebendo a gente tem as melhores ideias"

Jornalista fala de seu canal no YouTube, novos projetos e shows inesquecíveis

Por Rodrigo Rebechi em 17/09/2018 às 01:08:23

Reprodução de YouTube (canal Alta Fidelidade)

Ele é advogado, jornalista e técnico em engenharia de som, mas apaixonado por música desde criança. Passou pela redação da Folha de SP, mas não se adaptou, mas sempre escreveu sobre música e lançou, em 2011, um livro sobre o Rock in Rio. Hoje, o carioca Luiz Felipe Carneiro, usa o seu canal no YouTube para contar a história da música através de conversas intimistas e conteúdo vasto que agrada aos mais de 65 mil inscritos no Alta Fidelidade. Lui Lui, em entrevista ao portal Eu, Rio!, fala sobre o momento da música, principalmente o rock (sua maior paixão) no Brasil e no Mundo, projetos e demais temas. Confira.

Eu, Rio - Como você analisa o momento do rock nacional hoje? Há vida no rock and roll através somente de Youtube e Spotify? É difícil o rock ressurgir com essa avalanche de sertanejo e funk como "destaques"?

Luiz Felipe Carneiro - Ah, temos o Far From Alaska, o Scalene, tem muita gente que me envia coisas boas e ruins. Realmente não está na mídia e deve ser difícil viver de rock hoje em dia no Brasil. Conversei com Dé Palmeira (ex-baixista do Barão Vermelho) sobre isso e você tem que ser um louco e gostar muito para seguir. Tem até covers por aí, mas autoral é muito difícil. Você vê nos EUA, artistas como Beyoncé, Kayne West, que não me agradam, mas tem seu espaço, seu público. Mas as bandas também. O Muse faz shows e enchem em estádios ou locais menores. No Brasil, não. Aqui matou-se a Bossa Nova para entrar a Tropicália, Tropicália para o rock, etc. Você vê uma banda como Scalene, é chamada para abrir o Rock in Rio e tal, um show no Circo, mas não emplaca da forma como deveria.

ER - Seus vídeos no Alta Fidelidade são muito explicativos, até para leigos ou quem não conhece algumas bandas/músicas citadas. Como surgiu a ideia de criar o canal e como é essa interatividade com os fãs do canal?

LFC - Eu já escrevia e chegou num ponto em que as pessoas não estão tendo mais paciência para ler, preferem ver vídeos e tal. Aí o Francisco Resende (o diretor), que tem um canal de humor mais inteligente, mas está parado, me perguntou "Por que você não faz um canal de música?". A gente estava bebendo (e bebendo a gente tem as melhores ideias). E começamos a criar os quadros, pessoas para entrevistar e a coisa foi fluindo. As pessoas me perguntam se eu sou "youtubber". Não vejo problema em ser taxado como tal, mas quando essa febre acabar, creio que meu trabalho como jornalista musical ainda esteja em blog ou qualquer canal.

ER - Vocêanunciou o lançamento do Alta Fidelidade TV. O que seria? Além disso, há criação de novos quadros, como Lado A/Lado B. Como surgiram essas ideias?

LFC - A TV é uma plataforma fora do Youtube, onde faço série. O primeiro é sobre a História do Rock Brasil nos anos 80. Serão 18 capítulos. A gente cobra uma mensalidade de R$ 16,90 para que, inclusive, melhorar o canal. Tem gente que me pede para entrevistar o Humberto Gessinger, mas e o dinheiro para pegar o avião? Então é uma forma de melhorar a qualidade do que entrego. O Lado A/Lado B foi mais uma ideia que tive bebendo uma cerveja (risos). E eu sempre, modéstia a parte, foi um bom pauteiro. Sempre gostei de pensar em coisas diferentes, ideias diferentes.

ER - Fala dessa parceria com Biofá. Como se conheceram e como surgiu a ideia dele participar do canal através do papo de Botequim?

LFC - O Biofá já era amigo de meu irmão, ele é um pouco mais velho que eu. Era amigo de colégio, ele ia lá em casa, mas era da turma de meu irmão. Quando fui fazer PUC, comecei a fazer Direito e calhou dele fazer matéria na minha turma e sempre quando encontrávamos fora da faculdade o papo era sempre sobre música e era o cara que eu mais tinha afinidade de conversar sobre isso. Teve uma vez que eu falei com ele numa festa, "vou ver o Brian Wilson no Tim Festival" e ele dizia "pô, que legal". Aí uma vez falei que iria ver Pet Shop Boys e ele "cara, baita som pop". Aí pensei, "pô esse cara é parecido comigo musicalmente". E passamos a morar perto também, pois eu saí da Barra para o Leblon e ele morava a uns 500 metros de mim. O diretor sugeriu fazer o piloto do programa e deu certo logo de cara. E somos diferentes. Eu sou o estilo "CDF" e ele mais despojado e deu certo a química.

ER - Quantos shows você acredita ter assistido? Quais seus três mais especiais? E quais aqueles que você lamenta não ter ido?

LFC - Cara, não posso responder a primeira pergunta. Posso falar que vi 3 mil e foram 1 mil e vice-versa. Assisto shows com uma regularidade tremenda desde 1988. E era muito fácil ir à shows, o preço do ingresso era barato e assistia direto. Comecei vendo a turnê do Alívio Imediato, do Engenheiros. Era Canecão, Metropolitan. Quando completei 15 anos ia com uma frequência maior. E tinha a questão da violência que está hoje em dia complica sair de casa. Os mais especiais são o do Legião Urbana, no Metropolitan, os do Bruce Springsteen, os três shows dele que assisti em Nova Jersey, no Giants, com quatro horas de shows cada um e teve Brian Wilson, a despedida do Elton John em Las Vegas, The Who, REM no Via Funchal, em São Paulo. Os que lamento não ter visto? O Tim Maia. Tive a chance de ver, meu irmão ia direto. Tom Jobim, que meu pai me chamava e eu nunca vi. Cazuza, na época do "O tempo não para", em 88. Teve um que era aniversário do meu pai, minha mãe pediu para que deixasse meu pai curtir o show dele sozinho (risos). E Mamonas Assassinas, que fazia direto. Eu esperava lançar o segundo disco, já que o show deles era curto, pois só tinha um álbum.

ER - Quem você teve a honra de conhecer, de trocar uma ideia sobre música?

LFC - Biofá (risos). Todas as entrevistas que fiz foram bem legais. O Dé é sensacional (baixista do Barão), se tivesse a minha idade seria meu melhor amigo no colégio. O Charles Gavin, Dado Villa-Lobos, Fagner, Marcos Valle, que é eu ídolo da MPB. E Sting, que encontrei na Itália. Eu estava tomando café do lado dele e o vi e puxei conversa. Cara muito bacana. Conversamos quinze minutos em português.

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